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    o impeachment

    Solução para crise brasileira é demorada, diz analista americano

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    16/04/2016 02h00

    Bruno Santos/Folhapress
    São Paulo, SP, BRASIL-14-04-2016: Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations, é retratado no Hotel Tivoli Mofarrej, no bairro do Jardins, região Central de São Paulo. (Foto: Bruno Santos/ Folhapress) *** MUNDO *** EXCLUSIVO FOLHA***
    Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations

    Para Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations, principal centro de pesquisas de política externa dos EUA, o possível impeachment da presidente Dilma não seria visto em seu país como um golpe de Estado, mas sim "como uma demonstração da força das instituições contra uma líder que desrespeitou a lei".

    Haass passou dois dias no Brasil, onde se reuniu com a diretoria do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), empresários e acadêmicos.

    Leia a seguir trechos da entrevista dele à Folha:

    Folha - Qual seria o melhor cenário de resolução da crise política e econômica brasileira?

    Richard Haass - O melhor cenário é ter segurança política e um governo que implemente as reformas necessárias para restabelecer o crescimento. Mas vai demorar.

    É possível ter segurança política com Dilma no poder?

    Sim. Mas não acho que seria muito tranquilizador. Eu acredito que o melhor caminho seria ter um governo sucessor, idealmente esse governo duraria dois anos e meio, tomaria decisões difíceis e então haveria eleições em 2018. Essa parece ser a opção mais estruturada para se avançar. Não sou um especialista em Brasil e cabe aos brasileiros decidir. Mas os mercados gostam de previsibilidade e de governos que sejam não apenas estáveis, mas fortes o suficiente para tomar decisões difíceis.

    Nos EUA, um governo Temer seria considerado legítimo ou haveria uma percepção de que o impeachment foi um golpe?

    As pessoas estão bem impressionadas com a independência do Judiciário, da mídia, a força da sociedade civil e a separação entre os Poderes no Brasil. Mas ninguém mais nos EUA vê o Brasil como país promissor, dado que vocês tiveram um governo que deixou a corrupção se espalhar e inchou enormemente o setor público. Cinco anos atrás, o Brasil era um dos países que mais entusiasmavam as pessoas. Hoje, olham para a Índia, para a Argentina. Em relação ao impeachment, 99,9% dos americanos não vão entender os detalhes específicos do procedimento e vão considerar que é legítimo, a não ser que haja prova em contrário.

    O impeachment não será visto como ruptura institucional?

    O impeachment não seria visto como um golpe de Estado; as pessoas encarariam o afastamento como uma demonstração da força das instituições contra uma líder que desrespeitou a lei. Nós já passamos por isso. Todos os líderes têm de prestar contas.

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