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    o impeachment

    Ministros prometem virada e dizem que 'governo de minoria não é fim de mundo'

    MÁRCIO FALCÃO
    RANIER BRAGON
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA
    PAULO GAMA
    DO PAINEL

    16/04/2016 17h20

    Lúcio Távora/Ag. A Tarde/Folhapress
    A presidente Dilma e o ministro Jaques Wagner na cerimônia de apresentação do navio doca no porto de Salvador, na Bahia
    A presidente Dilma e o ministro Jaques Wagner na cerimônia de apresentação do navio doca no porto de Salvador, na Bahia

    A um dia da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, ministros buscaram transmitir um clima de virada, falam que há votos suficientes para barrar o processo e defendem que é preciso pensar na reconstrução da base aliada.

    O ministro Jaques Wagner (chefe de gabinete da Presidência) disse que o Planalto espera neste domingo (17) "virar a página" do pedido de afastamento da presidente e minimizou problemas de governabilidade por causa da crise. Segundo ele, "governo de minoria não é de fim do mundo."

    Neste sábado (16), Jaques Wagner e os colegas Kátia Abreu (Agricultura) e Antônio Carlos Rodrigues (Transportes), além dos deputados Marcelo Castro (PMDB-PI) e Celso Pansera (PMDB-RJ), que deixaram cargos no primeiro escalão para votar no processo a favor de Dilma, prestigiaram uma feijoada oferecida para deputados do PP, PR, PSD, PSB, PTN e PMDB.

    Eles se revezaram em duas reuniões simultâneas nos apartamentos funcionais do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) –recém rompido com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)– e do líder do PDT, Weverton Rocha (PDT-MA), em busca de votos.

    Nos encontros, os governistas contabilizaram 183 votos a favor do governo –entre eles 15 do PMDB, 12 do PP e 10 do PSD, partidos que desembarcaram da base, além de 15 do PR. Ficou acertado que o foco principal será investir em votos indecisos do PMDB, como o José Priante (PA), parente do senador Jader Barbalho (PA). Para o impeachment ter seguimento no Congresso, são necessários 342 votos favoráveis ao processo.

    Num telefona de Jaques para o ministro Aldo Rebelo, flagrado pela Folha, o chefe de gabinete da Presidência afirmou que o clima subiu e que estavam no corpo a corpo e destacou que os adversários teriam sentido o movimento de Waldir Maranhão, que passou a apoiar Dilma e se declarou contrário ao impeachment.

    Segundo parlamentares, a ida de Maranhão para o lado de Dilma tem sido um dos argumentos para esvaziar a onda a favor do impeachment. Isso porque a justificativa é de que se houver derrota, os deputados que apoiarem o governo não ficarem sem representante no comando da Câmara.

    Ao deixar o encontro, Jaques Wagner disse que sente o clima de virada e citou a insegurança dos adversários fazendo referência ao retorno do vice-presidente, Michel Temer, para Brasília.

    "Você percebe a energia de uma virada. Tem muita gente virando. O vice tinha ido para São Paulo voltou. No PP houve processo interno e fechou questão. Quem está seguro não precisa fechar questão. Acho que vai ter votos em todos os partidos", disse.

    Kátia Abreu disse que ninguém está tripudiando ou no clima de já ganhou, mas que os votos do governo estão consolidados. "Eu prefiro dizer que a oposição não tem votos para ganhar. Não esperamos nenhum arrobo de votos. Compreendemos a situação política do país, situação política dos parlamentes com dificuldades em suas bases. Queremos provar que impeachment não procede. Estamos pensando muito mais em recompor a base, buscar pessoas para dar alento ao país, para que a presidente possa governar", afirmou.

    Marcelo Castro, ex-ministro da Saúde, reforçou o discurso e disse que "o impeachment não passará". Antonio Carlos afirmou que não há virada, mas que o governo está mantendo a vantagem que teve.

    FUTURO

    Questionado se há espaço para recompor a aliança com o PMDB que deixou o governo no impeachment, Jaques Wagner afirmou que a prioridade será reconhecer quem ficou ao lado do Planalto no governo.

    "Quero deixar bem claro que o governo, quando falei do desembarque do PMDB, terá outras características. Aqueles que defenderam o governo dela tem que ser tratado diferente. Uma coisa é não perseguir, outra coisa é não reconhecer aqueles que estão do seu lado para tratá-los com devido reconhecimento", disse o ministro.

    "Governo de minoria não é de fim do mundo. Acho que existe momento que tem governo de minoria e negocia a cada votação. Quero deixar claro que esse grupo que está sustentando a posição dela é o grupo que a gente vai ter como primeira alinha da base", completou.

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