As atenções nos bares e restaurantes da Vila Madalena, bairro boêmio na zona oeste de SP, estão divididas entre a votação do impeachment e a rodada do futebol na tarde deste domingo (17).

O Coutinho, por exemplo, transmitia São Paulo x Audax, pelo Campeonato Paulista; no Porto Madalena passava Bahia x Santa Cruz, pela Copa do Nordeste.

O restaurante "O Pasquim, bar e prosa" foi um dos que preferiu exibir em suas três televisões a turbulenta sessão da Câmara.

"É um momento importantíssimo para a nossa sociedade, então transmiti-lo em todas as TVs ao vivo, para todos os públicos, contra ou a favor do impeachment, é democrático", defende um dos sócios do restaurante, Pepito Pellegrino, 48, a favor do impedimento da presidente.

A bailarina Liliana Pelucio, 48, estava no bar e se dizia a favor do impeachment. "Pela incompetência, roubalheira. A falta de direção levou o país para trás", diz ela, que acredita que um eventual governo Temer será melhor do que o atual.

O namorado da filha de Liliana, Fabrizio Marini, 27, por outro lado, não concorda com a sogra. "Sou contra o impeachment, não pelo governo, que realmente é péssimo, mas por todas as articulações políticas realizadas por partidos inconformados [com a derrota nas urnas]", diz.

O médico Adriano Cerino, 36, e sua mulher, a arquiteta Marina Cerino, 32, foram para o restaurante vestidos de verde e amarelo, com uma bandeira do Brasil a tiracolo. "Hoje é clima de final de Copa do Mundo", afirma Adriano.

Para o médico, a classe médica sofreu muito com o governo de Dilma. "Fomos totalmente desvalorizados na nossa profissão. Já fiz residência em hospital público, trabalhei no Exército, isso contribuiu para criar essa opinião contra o governo".