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    o impeachment

    Análise

    País deve ter dias com governo em decomposição e pastas sem titular

    BERNARDO MELLO FRANCO
    COLUNISTA DA FOLHA

    18/04/2016 02h00

    A ressaca do impeachment será dura para a ainda presidente Dilma Rousseff. Com poucas horas para digerir a derrota na Câmara, ela acordará nesta segunda (18) com o mandato por um fio e o governo em decomposição.

    Ao menos cinco ministérios devem amanhecer sem titular. A lista de demissionários se divide entre os que traíram a presidente, como Gilberto Kassab (Cidades), e os que se licenciaram do cargo e não pretendem voltar.

    Dos três ministros do PMDB que reassumiram os mandatos de deputado na semana passada, dois cumpriram a promessa de votar contra o impeachment: Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia).

    Mauro Lopes (Aviação Civil), cuja nomeação agravou a crise entre Dilma e o vice Michel Temer, votou a favor da cassação da presidente. Só deve voltar a pisar no Planalto depois da conclusão do julgamento no Senado.

    Abatido com o resultado da votação, o ministro licenciado da Saúde considera que a missão na Esplanada se encerrou. Castro ficou no cargo por apenas seis meses e sofreu críticas por declarações desastradas sobre a epidemia do vírus da zika.

    "Foi muito bom ser ministro, mas não retorno mais. Fico deputado", disse à Folha. Questionado sobre quem vai substitui-lo na pasta a partir desta segunda, o peemedebista foi sincero: "Não tenho a menor ideia". Desde que ele saiu, o ministério é tocado pelo interino Agenor Álvares.

    Kassab entregou a carta de demissão na sexta (15), como senha para os votos do PSD a favor da cassação da presidente. O Ministério das Cidades é responsável pelo Minha Casa, Minha Vida, uma das vitrines da gestão de Dilma.

    O quinto ministério vago será o da Integração Nacional, que era ocupado por Gilberto Occhi (PP). O partido dele também votou maciçamente a favor do impeachment.

    Enquanto Dilma tenta tapar os buracos sem saber por quanto tempo ficará na cadeira, o vice Michel Temer negocia cargos para um futuro governo. No entanto, ele ainda não pode assinar decretos ou fazer nomeações.

    Nas próximas semanas, o país deverá viver uma situação exótica: terá um governo pela metade. Enquanto o Senado não autoriza a abertura do processo de impeachment, Dilma é uma quase ex-presidente. Temer, um quase futuro presidente.

    Como os dois estão rompidos, a soma não é capaz de oferecer ao país um chefe de governo.

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