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    Lava Jato

    Conselho de Ética dá 'última chance' para Delcídio depor no dia 26

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    19/04/2016 12h22

    Pedro Ladeira - 26.mai.2015/Folhapress
    Delcídio do Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado
    Delcídio do Amaral (Sem Partido-MS), ex-líder do governo no Senado

    O Conselho de Ética do Senado decidiu nesta terça-feira (19) dar uma uma "chance final" ao senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) para que preste esclarecimentos ao colegiado sobre as denúncias que recaem sobre ele de envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras e tentativa de obstruir as investigações da operação Lava Jato.

    O conselho se reuniu nesta terça para, pela terceira vez, tentar ouvir o senador. Como ele não compareceu, o seu advogado, Raul Amaral, apresentou um requerimento ao colegiado em que garantiu que Delcídio prestará o depoimento na próxima terça-feira (26), às 14h30. Na reunião, o advogado garantiu que o senador estará presente na próxima semana.

    Durante a sessão, os integrantes do conselho criticaram o senador por ter apresentado quatro pedidos de licença médica desde que foi solto, em 19 de fevereiro, e, desde então, ter concedido diversas entrevistas a veículos de comunicação nacional e estrangeiros. O colegiado tenta ouvir o senador desde 23 de março.

    "Me chama atenção aqui que o senador Delcídio sempre vai à mídia e faz declarações. Ele agora quer sair de réu para julgador. Quer votar o impeachment. Responder na comissão, ele não quer, mas vir votar no impeachment ele quer", criticou o relator do processo, senador Telmário Mota (PDT-RR). O senador se referiu a recentes declarações de Delcídio de que quer voltar ao Senado a tempo de votar pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo.

    Outros senadores também criticaram o ex-petista e o acusaram de estar deliberadamente atrapalhando os trabalhos do conselho. Segundo Telmário, se ele não comparecer novamente, o conselho prosseguirá com os trabalhos e não concederá nova chance ao seu depoimento. "Ele não vindo, temos o direito de dispensá-lo", disse.

    Mesmo concordando com a realização da oitiva na próxima semana, o senador Otto Alencar (PSD-BA) criticou a intenção de Delcídio. "A delação dele é uma confissão de crime. A gravação do Bernardo Cerveró também é uma confissão de crime e ele foi preso. Seria muita desfaçatez ele vir encarar os senadores aqui. Ele deveria renunciar [ao mandato]", afirmou.

    PEDIDO DE DEFESA

    Inicialmente, os senadores tendiam a não aceitar o pedido da defesa de Delcídio, o que encerraria nesta terça o seu prazo para prestar depoimento. O senador Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB, no entanto, ponderou que é um direito do representado ser ouvido pelo conselho de ética.

    "Ele pode ter faltado quantas vezes fosse, mas essa comissão negar o direito de ouvi-lo me parece um absurdo", disse. Em seguida, os demais senadores resolveram concordar com seu argumento e dar o último prazo.

    Ex-líder do governo no Senado, Delcídio foi preso em novembro do ano passado, após tramar a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Depois, em depoimentos de delação premiada à Operação Lava Jato, o senador implicou 74 pessoas, fez acusações ao governo e à oposição e elevou a pressão sobre a presidente Dilma Rousseff.

    Logo após a homologação de sua delação, ele se desfiliou do PT –e permanece, desde então, sem partido.

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