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    Manifestantes atiram ovos contra Alckmin no interior de SP

    VENCESLAU BORLINA FILHO
    DE CAMPINAS

    20/04/2016 14h22

    Rafael Andery - 11.mar.2016/Folhapress
    Governador concede entrevista em Mairiporã, Grande SP
    Governador concede entrevista em Mairiporã, Grande SP

    O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), foi alvo de um protesto enquanto discursava durante uma cerimônia no fim da manhã desta quarta-feira (20) em Jundiaí (a 58 km de São Paulo).

    Foram atirados ovos contra ele e as pessoas que estavam sobre o palco armado. O governador não chegou a ser atingido, mas aqueles que estavam do seu lado esquerdo não escaparam.

    Mesmo com o ataque, o governador se manteve no palco e continuou a discursar.

    No local, alguns manifestantes criticaram o governo na área da educação –sobre as escolas e as fraudes da máfia da merenda.

    Professores da rede paulista estiveram no evento com Alckmin para entregar um manifesto contra o secretário da Educação, José Renato Nalini, que, em artigo publicado no site da pasta, defendeu que o Estado atue apenas em situações "elementares e básicas", sem mencionar o atendimento à educação.

    Não se sabe, porém, se as ovadas têm relação com o ato dos professores.

    Um homem foi detido no local apontado como o responsável por ter lançado os ovos contra o governador. Ele foi levado por policiais ao 7º DP de Jundiaí e assinou um termo circunstanciado por injúria real. Ele vai responder ao inquérito em liberdade. A identidade dele não foi revelada nem a razão dele para o protesto.

    A segurança que acompanha Alckmin reagiu imediatamente ao protesto. O Palácio dos Bandeirantes informou que não vai se manifestar sobre o assunto.

    O governador esteve em Jundiaí para o início das obras do complexo viário da cidade e dos acessos nos kms 110 e 84,6 da rodovia Anhanguera.

    MÁFIA DA MERENDA

    Mais cedo, em Campinas, no interior de São Paulo, Alckmin comentou sobre o esquema de fraude em processos para a compra de merenda escolar, descoberto pela operação Alba Branca, da Polícia Civil e Ministério Público.

    Conforme mostrou a Folha nesta quarta, os processos administrativos realizados pela Secretaria da Educação que resultaram na contratação da Coaf, cooperativa suspeita de fraudar a merenda escolar em São Paulo, foram repletos de falhas.

    Em procedimento na Corregedoria Geral da Administração, nem mesmo os servidores da pasta conseguiram explicar as falhas. Há ainda o caso de sumiço de um dos documentos relacionados ao processo de compra da merenda.

    Apesar dos problemas, relatório do órgão, de 30 de março, concluiu que não houve prejuízos para o Estado e que não há provas de pagamento de propina. Mesmo assim, a Corregedoria instaurou nova apuração sobre novas suspeitas.

    Em relação ao governo, estão sob suspeita duas chamadas públicas –um tipo de licitação menos rígido, permitido para a compra de produtos da agricultura familiar– da Secretaria da Educação.

    Em Campinas, Alckmin acusou a Coaf de praticar estelionato ao participar das concorrências destinadas à agricultura familiar e adquirir produtos de grandes empresas para fornecer dentro do processo, e que os estelionatários foram presos.

    "Eles faziam estelionato. Pegavam produtos de grandes produtores e entregavam como se fosse da agricultura familiar. Isso ocorreu em seis Estados e mais de 20 prefeituras", afirmou o governador.

    O tucano voltou a dizer que foi o governo quem descobriu a fraude por meio da Polícia Civil. "Aí o Ministério Público também entrou [na investigação], é o nosso parceiro nesse trabalho, e a apuração é rigorosa", disse.

    O governador afirmou que ainda não há provas de envolvimento de servidores públicos na fraude e que, se tiver, serão punidos. Ele também declarou que, por enquanto, nenhum prejuízo foi detectado contra o Estado no esquema.

    "O Estado fez uma licitação onde teve disputa, ganhou o menor preço e o produto foi entregue. O que acontece é que foi desvirtuado o objetivo da lei [dos pequenos agricultores], através de uma cooperativa fajuta", disse.

    Questionado sobre a base aliada do governador na Assembleia Legislativa ser acusada de protelar investigações na Casa, Alckmin não respondeu, mas afirmou que não há ninguém mais interessado nas investigações do que o governo.

    "Está sendo tudo, tudo apurado. Fato é que não está tendo prejuízo [ao Estado] e já foram presos os estelionatários. E se tiver mais gente envolvida, vai responder", afirmou o governador.

    GOVERNO TEMER

    Em Campinas Alckmin disse ainda que o PSDB não deve participar, com cargos, de um eventual governo Michel Temer (PMDB), mas que deve sim apoiá-lo.

    Conforme a Folha mostrou nesta quarta, o senador José Serra (SP) estaria cotado para assumir o Ministério da Fazenda no governo Temer.

    Serra tem ambições de ser presidente da República, assim como Alckmin e o senador Aécio Neves (MG), que foi o candidato do PSDB derrotado por Dilma nas últimas eleições, em 2014. Por falta de consenso, a escolha do candidato do partido à Presidência da República em 2018 deve ser decidida em prévias.

    "[Michel Temer] Tomando posse, nós temos o dever de ajudá-lo. O Brasil passa por um momento de grande dificuldade e é a hora de ajudarmos a retomada da economia, na recuperação do emprego", afirmou o governador paulista.

    "Mas também entendo que o PSDB não deve participar de nenhum cargo, de nenhuma pasta. Não tem nenhuma razão para ocupar ministério, cargo, pasta. Nós temos o dever de mudar o Brasil, mas não precisamos participar do governo", completou Alckmin.

    'GOLPE'

    Em tom irônico, Alckmin disse que o PT sempre entrou com pedidos de impeachment contra todos os presidentes da República pré-era Lula e que, agora, só porque há um processo contra a presidente Dilma, é que o impeachment é tratado como golpe por seus integrantes.

    "O PT não pode falar em golpe porque o PT entrou com pedido de impeachment contra o Collor, contra o Itamar, com pedido de impeachment contra o Fernando Henrique 1 e 2. Só não entrou contra o Lula e a Dilma porque eles são do PT. Então, agora é golpe?", afirmou o governador.

    Sobre a possibilidade de a presidente denunciar o "golpe" em discurso à ONU (Organização das Nações Unidas), Alckmin disse respeitar a presidente e que sempre defendeu investigação rigorosa e o cumprimento da Constituição, que diz estar sendo cumprida no caso e que, agora, o Senado deve decidir.

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