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    Lava Jato

    Ex-presidente da Andrade terá que complementar delação premiada

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    22/04/2016 02h00 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Paulo Lisboa - 20.jun.15/Folhapress
    CURITIBA, PR, BRASIL,20-06-2015, 10h15: 14ª FASE OPERAÇÃO LAVA-JATO - Presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, chega ao IML para realização de exame de corpo delito na manhã deste sábado, em Curitiba, 20. Foto: Paulo Lisboa/Folhapres, EXCLUSIVA)
    Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, quando foi preso pela Lava Jato, em junho

    O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Azevedo terá de complementar o acordo de delação premiada firmado por ele e acrescentar dados sobre contas do grupo fora do Brasil que foram usadas para pagar propina no valor de US$ 6,42 milhões no esquema da Petrobras.

    A Andrade também terá que explicar pagamentos analisados pela Polícia Federal a partir da quebra de sigilo de uma conta no Brasil que foi usada para pagar suborno. Os procuradores querem saber o que era propina e o que era pagamento regular em contratos de consultoria.

    O complemento de informações foi acertado com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. A delação da Andrade foi feita com a Procuradoria-Geral da República, em Brasília, porque cita políticos que só podem ser julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e com a força-tarefa de Curitiba (PR).

    Azevedo não irá perder benefícios, já que as omissões foram atribuídas a problemas de articulação entre as duas frentes de investigação da Lava Jato, segundo a Folha apurou.

    A delação do ex-executivo da Andrade é considerada uma das mais fortes da Lava Jato. Nela, ele conta que a empresa pagou propina por meio de doações oficiais à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014.

    A equipe da petista nega com veemência a informação e a classifica de mentira. Azevedo revelou também que a propina pelas obras da usina de Belo Monte chegou a R$ 135 milhões.

    PROPINA NO EXTERIOR

    A existência das contas no exterior sobre as quais a Andrade terá que dar mais detalhes foi revelada por outro delator da Lava Jato, Mario Goes, preso em fevereiro de 2015 sob acusação de repassar propina a diretores da Petrobras.

    Quatro meses depois, Goes fez um acordo de delação no qual relatou que era responsável por repassar suborno da Andrade Gutierrez para Renato Duque e Pedro Barusco, ex-diretor e ex-gerente da Petrobras.

    Segundo o delator, a Andrade entregava dinheiro de suborno a Goes por meio de uma subsidiária em Angola chamada Zagope. A empreiteira usou duas contas no exterior para fazer os repasses, abertas em nome de offshores.

    Apesar de os investigadores da Lava Jato terem conhecimento dessas contas desde julho do ano passado, os 11 executivos da Andrade que fizeram delação não deram maiores detalhes sobre o dinheiro que passou por elas.

    A Andrade terá de explicar também os pagamentos que foram feitos por uma conta no Brasil que foi usada para pagar suborno a Júlio Camargo, Fernando Soares, o Baiano, e Adir Assad –os dois últimos, presos pela Lava Jato. Os dois primeiros foram soltos após terem feito acordo de delação.

    Essa conta foi usada para fazer pagamentos que somam R$ 3,6 milhões ao Instituto Lula e à LILS Palestras, empresa do ex-presidente.

    Azevedo já afirmou em sua delação que todas as palestras de Lula foram realizadas de fato. Mas, como outros pagamentos de suborno passaram pela conta, investigadores querem detalhes sobre todos os valores que transitaram por ela.

    A Andrade Gutierrez não quis se manifestar sobre a complementação da delação.

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    NOVAS REVELAÇÕES
    Complemento da delação de Otavio Azevedo terá detalhes sobre contas no exterior

    O QUE JÁ FOI DECLARADO

    > Doações registradas às campanhas de Dilma Rousseff e de seus aliados em 2010 e 2014 com dinheiro oriundo de propinas de obras superfaturadas da Petrobras
    > Durante a Copa do Mundo de 2014, a empreiteira pagou propinas relacionadas a obras em estádios da Copa do Mundo de 2014, como Mané Garrincha e Maracanã
    > As construtoras responsáveis pelas obras da Usina de Belo Monte combinaram propinas que chegaram a R$ 135 milhões, recursos divididos entre PT e PMDB
    > Pagamentos de suborno e superfaturamento nas obras na usina nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro, e na ferrovia-Norte-Sul, que conectará nove Estados
    > Uso de contratos com o Vox Populi para pagar pesquisas que teriam sido usadas e não declaradas pela equipe da campanha de Dilma em 2014

    O QUE SERÁ DECLARADO

    > Otavio Azevedo terá de explicar a existência de duas contas no exterior usadas para fazer repasses de propina e abertas em nome das offshores Globo Business e Star Trading
    > Pagamentos feitos por uma conta no Brasil usada para repassar suborno a Julio Camargo, Fernando Soares, o Baiano, e Adir Assad, envolvidos na Lava Jato
    > Detalhes de valores pagos ao Instituto Lula e à LILS Palestras, empresa do ex-presidente Lula, totalizados em R$ 3,6 milhões

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