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    o impeachment

    Ala do PSDB quer licença de tucanos que forem para governo Temer

    PAULO GAMA
    ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU
    DANIELA LIMA
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    22/04/2016 20h47

    Aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, decidiram pregar que PSDB exija o licenciamento de tucanos que integrarem uma eventual gestão capitaneada pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). O principal alvo da ofensiva é o senador José Serra (PSDB-SP), que é amigo pessoal do peemedebista e cotado para um ministério de proa, como Fazenda ou Educação.

    O discurso da ala alckmista ainda não encontrou guarida entre os partidários do presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves (PMDB-MG). Aécio vem pregando que o PSDB formule uma série de propostas que seriam apresentadas a Temer em troca do apoio dos tucanos ao peemedebista no Congresso.

    O mineiro, no entanto, disse que o partido não vetaria o ingresso de filiados numa gestão de Temer, desde que ficasse claro que a iniciativa era de cunho "pessoal", e não partidária.

    Tanto Alckmin, como Serra e Aécio aparecem como presidenciáveis dos tucanos e é a próxima eleição que se coloca como pano de fundo do debate que o PSDB travará agora.

    O discurso dos aliados de Alckmin começou a ser formulado após o governador declarar em entrevista ao SBT que era contra o ingresso de tucanos em um possível governo Temer. Nesta sexta, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), secretário-geral da legenda e aliado do governador paulista, falou sobre a proposta à imprensa. Sua ideia é que tucanos que queiram ir para um governo do peemedebista se licenciem da legenda.

    "Vou propor que para assumir um cargo a pessoa precise se licenciar da legenda", disse Torres. "Se o Serra for convidado e efetivamente assumir, é uma questão pessoal. Ele é um quadro e não o queremos fora do partido. Nós o respeitamos, e ele terá que respeitar a posição da legenda", concluiu.

    A proposta de Torres enfrenta resistência. "Defendo que o PSDB adote agora a postura que teve com Itamar Franco, em 1992, e que deu certo", afirma o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), aliado de Serra. "Nós temos de dar suporte ao novo governo. Não devemos indicar ninguém, mas uma vez que o convite for feito temos que considerar. Todos nós sabíamos ao apoiar o impeachment que o beneficiário seria Temer. E esse governo só poderá existir porque tomamos essa decisão e de forma unânime", afirma o tucano.

    Juthay diz ainda que o PSDB não pode se equiparar ao PT, que em 1992 expulsou a deputada Luiza Erundina após ela ser convidada a integrar o governo Itamar. "Temer quer seguir o nosso exemplo positivo, e não o exemplo oportunista que o PT deu", conclui.

    O impasse só deve ser resolvido no próximo dia 3, quando o PSDB vai se reunir para fechar questão sobre o assunto. O líder da sigla no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), tem dito que, pessoalmente, acredita que o "ideal seria que ninguém com mandato" ocupasse cargos no novo governo. "Não há nenhuma posição oficial ainda, apenas a certeza de que o PSDB será, como sempre foi, responsável com o Brasil", afirmou.

    INDEFINIÇÃO

    À queda de braço interna se soma a desconfiança de uma ala do tucanato sobre as chances de um governo Temer ser exitoso. Alguns integrantes da sigla temem que o partido se torne "refém" de uma administração da qual não são plenamente responsáveis. Esse grupo acredita que a sigla poderá ser cobrada em 2018 por eventuais erros do peemedebista e pela repercussão de medidas duras que deverão ser tomadas na economia.

    Há ainda um incômodo com o que chamam de "indecisão" de Temer sobre os rumos da equipe econômica. O vice tem procurado economistas de diversas correntes para conversar sobre a crise e medidas que deveriam ser adotadas, o que vem sendo interpretado como "hesitação".

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