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    Processo de impeachment provoca protesto no Parlamento do Mercosul

    LUCIANA DYNIEWICZ
    DE BUENOS AIRES

    26/04/2016 02h00

    José Álvarez Díaz/Efe
    SHA04. SHANGHÁI (CHINA), 10/06/2010.- El canciller argentino, JorgeTaiana, durante su discurso de apertura del Día de Argentina en laExposición Universal de Shanghái 2010. EFE/JOSÉ ÁLVAREZ DÍAZ
    O ex-chanceler argentino e presidente do Parlasul, Jorge Taiana, durante discurso na China em 2010

    Um grupo de deputados do Parlasul (Parlamento do Mercosul) deverá censurar nesta terça-feira (26) o presidente da casa, o argentino Jorge Taiana, por ele ter colocado um comunicado no site da instituição em que afirma que o impeachment de Dilma Rousseff é um "escândalo".

    "O processo é um golpe parlamentário e uma utilização forçada da lei de impeachment", afirmou, na nota, Taiana, que faz parte da coligação kirchnerista Frente para Vitória.

    Para o deputado, "a presidente não tem nenhuma acusação de corrupção e boa parte dos que iniciaram o processo foram denunciados por corrupção, como é o caso do presidente da Câmara [Eduardo Cunha]".

    No fim da tarde da segunda (25), representantes de diferentes países do Mercosul se reuniram e concordaram em repreender Taiana, de acordo com o deputado brasileiro Arthur Maia (PPS-BA).

    "O Parlasul não é mais comandado pelos bolivarianos. Ele não pode usar a instituição para divulgar uma opinião pessoal. Qualquer moção de repúdio precisa ser aprovada em sessão", disse à Folha.

    Maia foi um dos que comandaram, na segunda-feira, o esvaziamento de uma sessão solene que acontecia em Montevidéu, no Uruguai, para marcar os 25 anos de criação do Mercosul.

    A delegação brasileira se ofendeu por ter sido colocada para sentar nas filas P e Q do salão, depois de funcionários de chancelaria.

    "Interpretamos essa atitude como uma humilhação que deu continuidade ao comunicado [de Taiana]."

    Assim que a sessão começou, Maia foi até o palco e afirmou que os representantes do Brasil iriam se retirar por considerarem desrespeitosa a forma como haviam sido recebidos.

    "Não falei da nota [do presidente do Parlasul] porque havia gente a favor do teor."

    Permaneceram no local os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Ságuas Moraes (PT-MT) e Benedita da Silva (PT-RJ). O senador Roberto Requião (PMDB-PR), que é contrário ao impeachment, também abandonou a reunião.

    "Não teve nada a ver com a situação política do Brasil. Chegamos lá e os funcionários de terceiro e quarto escalão da chancelaria haviam ocupado todo o auditório. O negócio é que a chancelaria não suporta o parlamento", disse à Folha.

    Segundo Requião, que é chefe da delegação brasileira, parlamentares de outros países também estavam no fundo, e foi pedido para que houvesse uma reorganização dos lugares. "Não deram ouvidos."

    O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, solicitou para que os brasileiros continuassem no auditório. Sem ser atendido, sentou-se ao lado de Wyllys, Silva e Moraes em um gesto de solidariedade.

    De tarde, durante as reuniões das comissões, os representantes do Brasil se recusaram a votar um pleito da Argentina para que o Mercosul reconhecesse a soberania do país sobre as ilhas Malvinas.

    Procurada, a assessoria do argentino Jorge Taiana afirmou que ele só poderia falar nesta terça.

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