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    Lava Jato

    Delcídio falta a depoimento e Conselho marca votação para terça

    DÉBORA ÁLVARES
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    26/04/2016 16h56

    Pedro Franca - 26.fev.2014/Associated Press
    O senador Delcídio do Amaral, preso na Operação Lava Jato, acusado de atrapalhar investigações
    O senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS)

    Após a quarta ausência seguida do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) a um depoimento marcado no Conselho de Ética do Senado para que ele preste esclarecimentos sobre as acusações de envolvimento no petrolão e obstrução de investigações da Lava Jato, os integrantes do Conselho decidiram encerrar a fase de instrução probatória e agendar para a próxima semana a votação do parecer final do caso.

    A reunião desta terça-feira (26) durou menos de uma hora. O advogado de Delcídio, Adriano Nunes Bretas, alegou que aguardava uma resposta do presidente da comissão, senador João Alberto (PMDB-MA), sobre um pedido para que o ex-petista falasse apenas depois que as provas fossem compartilhadas pelo Ministério Público.

    Semana passada, quando Delcídio também não compareceu ao depoimento, os conselheiros já haviam classificado essa como a "última chance" do senador.

    O relator, Telmário Mota (PDT-RR), voltou a dizer que foram dadas à defesa todas as oportunidades para se pronunciar. "A representação no Conselho não trata de processo judicial, não estamos aqui julgado o caso, mas da quebra de decoro. Em entrevistas e na própria defesa dele, ele admite tudo. A peça já é suficiente".

    Mota declarou então encerrada a fase de instrução probatória, quando são apresentadas as alegações da defesa e da acusação, e deu três dias para que o advogado de Delcídio apresente as alegações finais.

    A determinação foi apoiada por quase todos os membros do Conselho. Apenas o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) ainda tentou propor uma nova chance para Delcídio ser ouvido. Outros senadores, contudo, lembraram que esta é a quarta vez que o colegiado convoca o ex-petista para prestar depoimento. O colegiado tenta ouvir o parlamentar desde 23 de março.

    Maranhão convocou para a próxima terça (3), a votação do relatório de Telmário Mota na comissão. Caso o texto seja aprovado pelo Conselho de Ética na terça, o parecer segue para análise da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que vai analisar a juridicidade da peça e devolvê-la ao colegiado inicial.

    A CCJ se reúne rotineiramente às quartas-feiras e pode pautar o caso já para a próxima semana. Caso a comissão consiga apreciar o relatório de Telmário ainda no próximo dia 4, caberá ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pautar a cassação em plenário.

    Ou seja, o senador Delcídio do Amaral pode perder o mandato antes mesmo da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

    Como de costume, Delcídio foi alvo de críticas por ter apresentado quatro pedidos de licença médica desde que foi solto, em 19 de fevereiro e, apesar disso, estar concedendo diversas entrevistas a veículos de comunicação nacional e estrangeiros.

    O suplente de Delcídio, Pedro Chaves dos Santos (PSC-MS), tem relação familiar com outro personagem investigado por corrupção no âmbito da Petrobras. Sua filha, Neca Chaves Bumlai, é casada com Fernando Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai.

    O empresário é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi preso por supostamente participar de um esquema de corrupção e fraude para pagar dívidas da campanha da reeleição do petista. A família Bumlai pertence também ao círculo mais próximo de amigos de Delcídio.

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