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    o impeachment

    Conhecido por 'escrachos', grupo de jovens elege Temer como novo alvo

    PAULA REVERBEL
    ANGELA BOLDRINI
    DE SÃO PAULO

    27/04/2016 02h00

    Desde que o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi aprovado na Câmara, o vice Michel Temer tem sido seguido por um grupo onde quer que esteja. Ele é o mais novo alvo do Levante Popular da Juventude, movimento que tem se notabilizado pelo uso da tática do "escracho".

    Tanto a residência oficial do vice em Brasília quanto sua casa em São Paulo já tiveram as ruas da frente pintadas com a expressão "QG do golpe".

    Na semana passada, um jovem usou uma máscara de Temer e uma cauda de rato enquanto se contorcia dentro de uma ratoeira gigante. Na ocasião, a imprensa registrou 40 manifestantes tumultuando a frente da casa do vice, que fica em uma praça geralmente tranquila em um bairro nobre de São Paulo.

    O grupo já mirou políticos com pautas conservadoras, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em quem arremessaram dólares falsos, e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), atingido no rosto por um punhado de purpurina roxa.

    Outro alvo é a Rede Globo, que, para eles, "continua com a mesma linha editorial" da época da ditadura.

    Hoje empregados contra políticos, os "escrachos" são inspirados em atos que expunham ex-torturadores de regimes ditatoriais da América Latina –tipicamente diante de toda a vizinhança.

    O Levante já "escrachou" agentes da ditadura brasileira, como coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do órgão de repressão DOI-Codi, morto em 2015 e homenageado por Bolsonaro em voto pró-impeachment na Câmara.

    Defensor do que caracteriza como "ações lúdicas", o grupo se diz contra violência de direita ou de esquerda.

    Surgido em 2006 no Rio Grande do Sul para mobilizar jovens do campo e da cidade, o Levante integra a Frente Brasil Popular –reunião de mais de 60 entidades dos movimentos sindical e social, além dos partidos PT, PC do B e PDT—, responsável pelos recentes atos pró-Dilma em todo o Brasil.

    Demais instituições da Frente dão apoio financeiro ao grupo de jovens, que não especifica valores recebidos ou doadores.

    Ainda sem sede, o movimento pede para usar salas de universidades ou outros espaços, e diz juntar dinheiro com vendas (livros, rifas e bingos) e financiamento coletivo na internet.

    Todas as decisões importantes são tomadas em conjunto por cerca de 50 pessoas da coordenação nacional –o topo da hierarquia. Abaixo estão as coordenações estaduais –o Levante diz estar presente em todos os Estados exceto Roraima e Acre— e as "células" no campo e nas periferias de centros urbanos.

    MÍSTICA

    Um elemento presente tanto nas reuniões como nos grandes encontros do grupo –são esperados 7.000 jovens em acampamento marcado para setembro em Minas Gerais– é a "mística", um conjunto de práticas importada do MST e dos movimentos do campo. Há de leitura de poemas à luz de velas até peças e musicais encenados pelos militantes.

    As práticas acontecem no começo, meio ou fim de todas as reuniões. "É para alimentar a chama interior de cada militante, é nossa forma de nos fortalecer", explica a gaúcha Mariana Fontoura, que foi uma das coordenadoras estaduais.

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