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    Sob gritos de 'fora, Cunha', presidente da Câmara interrompe votação

    RANIER BRAGON
    AGUIRRE TALENTO
    MACHADO DA COSTA
    DE BRASÍLIA

    27/04/2016 20h11 - Atualizado às 01h24

    Em mais um exemplo do acirramento político dos últimos meses, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi alvo de protesto de deputados e acabou sendo obrigado a suspender por algumas horas a sessão de votação na noite desta quarta-feira (27).

    Desde que sob o seu comando a Câmara aprovou a autorização para o impeachment de Dilma Rousseff, Cunha viu intensificar a ofensiva do PT e de outros partidos de esquerda que pedem o seu afastamento do comando da Casa. O peemedebista é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a acusação de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras e alvo de um processo de cassação na Casa.

    A confusão na votação desta quarta começou quando ele decidiu manter a votação do projeto que cria as comissões da Mulher e do Idoso, contrariando manifestação dos deputados em plenário, majoritariamente contrária.

    Sob patrocínio da bancada evangélica, havia também a proposta de incluir atribuições antiaborto na comissão da Mulher, com a defesa do direito do nascituro.

    Deputados e deputadas de partidos de esquerda se revoltaram e subiram à mesa do plenário. Eles ocuparam também as duas tribunas do plenário, inviabilizando a fala de outros deputados. Moema Gramacho (PT-BA) e Luiza Erundina (PSOL-SP), entre outras, permaneceram todo o tempo ao lado de Cunha, na mesa, protestando contra a decisão.

    Acuado, o peemedebista suspendeu a sessão e chamou uma reunião de líderes em seu gabinete. Ele deixou o plenário debaixo de gritos de "fora, Cunha". Apoiadores puxaram um coro "fora, PT". Quando ele saiu, Gramacho sentou-se na cadeira do presidente da Câmara. Depois, Erundina. As duas exibiram cartazes "fora, Cunha".

    Após a reunião, os deputados voltaram ao plenário e, no início da madrugada desta quinta (28), aprovaram o projeto por 220 votos contra 167. A defesa do nascituro acabou sendo incluída como atribuição da Comissão de Seguridade Social e Família, o que resultou em protestos dos partidos de esquerda.

    PROTESTO

    Um grupo de 150 pessoas, principalmente mulheres, realizou uma manifestação em frente ao Congresso Nacional em defesa da presidente Dilma Rousseff.

    O número de manifestantes foi estimado pela Polícia Militar. A organização calculou em 800 pessoas.

    Com gritos de "Temer golpista" e "Fora Cunha", elas utilizaram lanternas e as luzes dos celulares para chamar a atenção para o ato. A manifestação foi batizada de "iluminaço".

    O ato foi organizado por um grupo chamado Rosas pela Democracia, composto principalmente por mulheres residentes do Distrito Federal.

    Tatiana Bosqueto, uma das organizadoras da manifestação, afirma que a futura gestão Temer "já deixou claro que vai suprimir vários programas sociais".

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