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    Lava Jato

    João Santana e a mulher são denunciados na Operação Lava Jato

    JULIANA COISSI
    DE CURITIBA
    FELIPE BÄCHTOLD
    DE SÃO PAULO

    28/04/2016 14h36

    Heuler Andrey - 23.fev.2016/FolhaPress
    João Santana foi preso em fevereiro, em Curitiba, na 23ª fase da Lava Jato, denominada Acarajé
    João Santana durante a sua prisão, na 23ª fase da Lava Jato

    A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou nesta quinta-feira (28) duas denúncias contra o publicitário João Santana, responsável pelas últimas campanhas do PT à Presidência, e a sua mulher e sócia, Mônica Moura.

    Os dois foram detidos na 23ª fase da Lava Jato, em fevereiro, sob suspeita de receber no exterior dinheiro desviado da Petrobras.

    Além do casal, também foram denunciados (acusados formalmente) outras 15 pessoas, incluindo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e outros ex-executivos da Odebrecht.

    Outro alvo é o lobista Zwi Skornicki, preso na mesma fase, que representava o estaleiro asiático Keppel no Brasil. Ele é suspeito de fazer pagamentos para o casal fora do país.

    Também foram denunciados quatro ex-executivos da Petrobras: Renato Duque, que está detido há mais de um ano, João Carlos Ferraz e os delatores Eduardo Musa e Pedro Barusco.

    Caso o juiz Sergio Moro aceite as denúncias, Santana e Mônica viram réus na Justiça Federal.

    Segundo o Ministério Público Federal, uma das denúncias já tinha sido oferecida em março, mas, no dia em que a peça foi apresentada, Moro decidiu enviar a íntegra do caso ao Supremo Tribunal Federal devido à possível relação com autoridades com foro privilegiado. Na semana passada, o Supremo decidiu mandar o caso de Santana de volta à primeira instância.

    PROPINA

    A segunda denúncia se refere a um setor da Odebrecht que foi apelidado de "departamento de propina". Segundo o Ministério Público Federal, Marcelo Odebrecht ordenou que executivos participantes do esquema fossem para fora do Brasil durante a investigação. O empreiteiro já foi condenado em primeira instância e é réu em outra ação da Lava Jato.

    A partir de uma conta da empreiteira mantida em Nova York, disse o procurador Deltan Dallagnol, eram feitos pagamentos para offshores que tinham como destino final o casal de publicitários.

    A denúncia afirma que a Odebrecht pagou no exterior US$ 3 milhões para o casal e outros R$ 23,5 milhões, no Brasil, em espécie.

    Já no caso de Skornicki, a acusação afirma que o lobista pagou US$ 4 milhões para Santana e Mônica.

    OUTRO LADO

    O advogado do ex-marqueteiro do PT João Santana Fábio Tofic Simantob fez críticas à decisão do Ministério Público afirmando que "é uma pena que a denuncia acuse João de corrupção, mas não aponte um único indício de que ele soubesse do elo dos valores com corrupção". Disse ainda, referindo-se a um dos delitos pelo qual Santana foi denunciado, que "só funcionário público comete corrupção passiva". A defesa de Mônica Moura não comentou as novas denúncias.

    A empreiteira Odebrecht disse que não se manifestaria sobre o tema.

    A defesa do ex-diretor da Petrobras Renato Duque afirmou que ainda não teve acesso à integra da denuncia e assim que tomar conhecimento do seu conteúdo irá se pronunciar nos autos do processo. A advogada de Zwi Skornicki afirmou que só se manifestará em juízo.

    Os demais denunciados não foram localizados pela reportagem.

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