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    Em depoimento à PF, FHC nega remessas ilegais para ex-amante

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    29/04/2016 18h13

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 25-04-2016, 15h15: Entrevista exclusiva para a Folha com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), na sede do Instituto FHC, em Sao Paulo. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER) EXCLUSIVO***
    O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante entrevista para a Folha

    Em depoimento prestado à Polícia Federal na tarde desta sexta-feira (29), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negou que tenha usado a empresa Brasif, que explorava free shops de aeroportos, para remessas de dinheiro à jornalista Miriam Dutra e seu filho, Tomás Dutra Schmidt.

    A Polícia Federal investiga suspeita de evasão de divisas desde que Miriam, ex-correspondente da Rede Globo na Europa, afirmou que os repasses eram feitos por meio de um contrato fictício de trabalho com a Brasif.

    Os dois mantiveram um relacionamento durante os anos 1980 e 1990. O ex-presidente chegou a assumir a paternidade de Tomás mas diz que dois exames de DNA comprovaram que ele não é seu filho biológico.

    De acordo com o advogado Sergio Bermudes, que acompanhou FHC no depoimento, o ex-presidente afirmou que nunca enviou dinheiro para Miriam Dutra.

    Ele reconheceu que fez remessas regulares para Tomás mas defendeu que foram declaradas à Receita Federal. A maior delas, de 250 mil euros, foi feita com o objetivo de ajudar Tomás a comprar um apartamento em Barcelona. Ele disse que nunca usou a Brasif para remeter dinheiro ao exterior.

    O ex-presidente, porém, não apresentou recibos das remessas. "Isso não é necessário. Os fatos podem ser comprovados pelo Banco Central", disse o advogado.

    Fernando Henrique declarou ter duas contas no exterior, uma nos Estados Unidos e outra na França, abertas para receber os pagamentos por atividades profissionais prestadas fora do país. Segundo ele, as contas foram declaradas à Receita.

    No depoimento, que durou cerca de 2h, o ex-presidente negou também que seja proprietário de um apartamento na Avenue Foch em Paris. Segundo Bermudes, ele disse que chegou a frequentar por dois meses um apartamento na mesma localidade que pertence a Maria do Carmo de Abreu Sodré, mulher do ex-governador de São Paulo Roberto de Abreu Sodré, morta em 2012.

    De acordo com o advogado, o ex-presidente disse que não tem nenhum imóvel fora do país.

    MIRIAN DUTRA

    No começo de abril, em depoimento de mais de cinco horas, Miriam confirmou à Polícia Federal que recebia cerca de US$ 3.000 mensais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para pagar pela educação de seu filho Tomás.

    Segundo teria relatado à PF, a jornalista recebia os dólares em espécie. Nos anos 1990, quando FHC presidia o Brasil, o dinheiro era levado por um cunhado a Portugal, onde Mirian morava.

    Ainda de acordo com esse relato, a jornalista recebia o dinheiro na forma de crédito em conta quando passou a viver na Espanha.

    Na ocasião, o ex-presidente lamentou, por meio de sua assessoria, "a exploração pública de uma questão pessoal"

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