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    Lava Jato

    PF indicia advogado da Odebrecht sob suspeita de corrupção passiva

    GABRIEL MASCARENHAS
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    29/04/2016 19h11

    Zanone Fraissat/Folhapress
    PF faz buscas na empreiteira Odebrecht, em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, intitulada 'Acarajé', nesta segunda
    PF faz buscas na empreiteira Odebrecht, em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato

    A Polícia Federal indiciou o advogado da Odebrecht Augusto Botelho por corrupção passiva nesta sexta-feira. Ele é suspeito de ter participado da divulgação de textos escritos por delegados da Lava Jato nas redes sociais, com o objetivo de desqualificar a operação.

    Botelho teve dois encontros com o delegado Paulo Renato de Souza, ferrenho crítico ao trabalho dos colegas que atuavam na investigação do esquema de corrupção da Petrobras.

    Souza, que se afastou da PF para um tratamento psicológico, teria entregue ao advogado uma série de postagens no Facebook em que delegados da Lava Jato elogiavam o senador e candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves, e criticavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Os textos, escritos num grupo fechado da rede social, foram publicados em reportagem do "Estado de S.Paulo", em novembro do ano passado.

    Um inquérito foi aberto para apurar se Botelho comprou o material oferecido pelo delegado dissidente. Ao indiciá-lo nesta sexta, embora não ateste que houve pagamento de vantagens, a PF sustenta que o advogado cometeu o crime de corrupção passiva, ao participar do vazamento do dossiê produzido pelo agente público.

    A investigação foi aberta depois que a PF encontrou anotações feitos pelo dono da construtora, Marcelo Odebrecht, em um bloco de notas.

    Um dos textos dizia: "Trabalhar para anular (dissidentes PF...)", o que foi interpretado pela polícia como sinal de que ele pretendia fazer algo para acabar com a investigação. A Odebrecht sempre refutou essa versão.

    OUTRO LADO

    Responsável pela defesa de Augusto Botelho como representante do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o advogado Guilherme Batochio classifica o pedido de indiciamento como "esdrúxulo" e diz que "estão querendo criminalizar o exercício da advocacia".

    "Não existe nenhuma base empírica para pedir o indiciamento. Como pode haver um indiciamento por corrupção passiva contra alguém que sequer é funcionário público e sem qualquer indício de cobrança de vantagens?", questiona Batochio.

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