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    o impeachment

    Temer deve reunir maioria na Câmara para aprovação de reformas

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    01/05/2016 02h00

    Pedro Ladeira - 27.abr.2016/Folhapress
    Michel Temer se reúne com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG)
    Michel Temer se reúne com Renan Calheiros (PMDB-AL) e Aécio Neves (PSDB-MG)

    Se conseguir contemplar sem atritos relevantes todos os partidos que por enquanto prometem lhe dar sustentação parlamentar, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) deve assumir o comando do país com apoio suficiente para aprovar mudanças na Constituição.

    Na Câmara, a perspectiva é a de que sua base fique em torno dos 367 votos dados a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Formam esse grupo de apoio o PMDB, a maior legenda da Casa, os principais partidos de oposição e o chamado "centrão" –PP, PR, PTB, PSD, PRB e outras legendas menores.

    Para que mudanças na Constituição sejam aprovadas é preciso o voto de pelo menos 308 dos 513 deputados, 60% do total da Casa.

    Escolhido como líder informal desse "centrão", o deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL) afirma não ver entrave nem mesmo na pouca popularidade do vice –58% da população defende seu impeachment e 60%, sua renúncia, segundo pesquisa do Datafolha do início de abril.

    "Essa impopularidade se dá mais pelo desconhecimento do que por qualquer outra coisa. Ele [Temer] tem tudo para fazer um bom governo de transição, vai dar uma levantada no astral do país e do mercado", afirma Quintella.

    Como exemplo do tamanho da base de Temer, ele cita o seu PR, que deu 26 dos 40 votos da bancada a favor do impeachment. "A expectativa é a de que o partido participe como um todo do governo Temer. Quem votou contra o impeachment não votou contra o Michel."

    Os partidos claramente contrários a Temer representam hoje a minoria –PT, PC do B, PSOL, PDT e Rede têm só 96 das 513 cadeiras.

    O PP, que tem a quarta maior bancada da Casa, com 47 deputados, negocia ministérios importantes com Temer, como a Saúde –disputado também com o PMDB–, e se reuniu na semana que passou para definir propostas que levará para o peemedebista.

    No Senado, a base de Temer só terá uma mensuração mais precisa após a votação da abertura do processo de impeachment, prevista para 11 de maio. Levando-se em conta a configuração partidária, o peemedebista tem uma perspectiva de contar com 51 dos 81 votos, número também suficiente para aprovar alterações na Constituição (49).

    OBSTÁCULOS

    Apesar da aparente folga, o caminho do vice no Congresso tende a abrigar importantes obstáculos. O primeiro é a promessa do PT e de legendas de esquerda de fazer oposição aguerrida, sob argumento de que Temer assume mediante golpe legislativo.

    O segundo problema é que a composição do possível novo governo certamente resultará em desavenças e dissidências nos partidos que agora lhe prometem apoio.

    Para resolver parte disso, Temer já admitiu a aliados que o corte no número de ministérios não será do tamanho desejado inicialmente.

    Um sinal das dificuldades que o peemedebista enfrentará já é facilmente detectável nos gabinetes da Câmara. Há uma reclamação de que Temer comete um mesmo erro de Dilma, o de negociar apenas com presidentes e líderes, como se eles tivessem domínio total do "baixo clero" –deputados de baixíssima projeção nacional, mas que são a maioria na Casa.

    Some-se a isso a delicada situação do aliado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cuja saída é cobrada diariamente por adversários, durante as sessões no plenário.

    BASE TEMER

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