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    Lava Jato

    Delcídio pede anulação de processo no Conselho de Ética e deve recorrer a STF

    DE BRASÍLIA

    01/05/2016 19h48

    Pedro Franca - 26.fev.2014/Associated Press
    O senador Delcídio do Amaral, preso na Operação Lava Jato, acusado de atrapalhar investigações
    O senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS)

    A defesa do senador e ex-líder do governo Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) entrou com pedido de anulação do processo no Conselho de Ética do Senado na sexta-feira (29) e, na semana que vem, deverá levar o mesmo pleito ao STF (Supremo Tribunal Federal).

    O colegiado agendou para terça (3) a votação do relatório do senador Telmário Mota (PDT-RR), favorável à cassação do mandato do colega por quebra de decoro parlamentar. O ex-líder do governo faltou a quatro sessões previstas para que ele prestasse seus esclarecimentos a respeito dos fatos apurados.

    Em suas alegações finais, apresentadas ao Conselho na sexta, os advogados de Delcídio listaram 12 razões para a anulação do processo.

    Entre os argumentos há nulidade das provas utilizadas, cerceamento de defesa e falta de imparcialidade de integrantes do colegiado, que teriam antecipado seus votos antes da conclusão do caso.

    Internamente, no entanto, os representantes do parlamentar não acreditam na possibilidade de o pleito ser acatado pela maioria do Conselho de Ética. A estratégia seguinte será impetrar um mandado de segurança no STF, utilizando os mesmos argumentos levados ao Senado.

    O comportamento do senador, que foi preso em novembro pela Operação Lava Jato, provocou a revolta de seus pares antes mesmo do início da tramitação do processo dele no Conselho.

    Após deixar a cadeia, em conversas reservadas, Delcídio negava que firmaria acordo de delação premiada, quando já havia assinado o termo com o Ministério Público e prestado depoimentos.

    Além disso, ele enviou recados ao Congresso ao dizer que, se fosse cassado, entregaria outros parlamentares aos investigadores, conforme a Folha revelou em fevereiro.

    LULA

    No documento, assinado pelos advogados, Delcídio sustenta ter sido usado para atender a interesses do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e sua família.

    "Delcídio do Amaral foi explorado para benefícios de terceiros: de um lado, de Lula para proteger a família do amigo Bumlai; de outro lado, de Bernardo Cerveró, que o atraiu por truques cênicos para criar a 'cama de gato' e conseguir o trunfo da sua colaboração do pai", afirma o parlamentar num trecho da petição.

    O senador foi preso depois que Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da estatal, gravou uma reunião em que Delcídio ofereceu-lhe ajuda financeira para que Nestor Cerveró não contasse o que sabia à Lava Jato.

    Quando resolveu delatar, Delcídio contou que fez a oferta a Bernardo a pedido de Lula. De acordo com o parlamentar, Lula o procurou por estar preocupado com a possibilidade de Cerveró entregar o pecuarista e amigo do ex-presidente José Carlos Bumlai, também preso durante a operação.

    OUTRO LADO

    Procurado, o Instituto Lula afirmou que o ex-presidente já falou sobre o caso à PGR (Procuradoria-geral da República) e negou a "fantasiosa" tese de Delcídio. A Folha não conseguiu localizar Bernardo Ceveró e seus representantes.

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