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    o impeachment

    MBL, ruralistas e evangélicos se unem por agenda liberal

    PAULA REVERBEL
    DE SÃO PAULO

    02/05/2016 02h00

    Divulgação
    Kim Kataguiri (1º plano) e José Mário Schreiner (de camisa listrada), em almoço da bancada ruralista
    Kim Kataguiri (1º plano) e José Mário Schreiner (de camisa listrada), em almoço da bancada ruralista

    Com atuação dentro da Câmara dos Deputados em função da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o MBL (Movimento Brasil Livre), um dos principais organizadores de atos contrários à petista, encontrou terreno comum com dois grupos favoráveis à remoção da mandatária do poder.

    O principal dos aliados, que agiu pesadamente para virar votos dos deputados contrários à saída de Dilma, foi a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), que anunciou posição pró-impeachment em abril, ao lado da bancada ruralista.

    Juntaram-se a eles ainda alguns deputados ligados a lideranças evangélicas.

    Os três grupos não pretendem desfazer a união e têm reunião conjunta marcada para esta terça (3). Juntos, fazem planos para influenciar as votações no Congresso em torno da defesa de um Estado mínimo, de pautas conservadoras, da reforma trabalhista e do ajuste fiscal.

    "Existe uma agenda que tem que ser adotada para o Brasil sair da crise e a gente vai ter que ser muito rígido", explica Renan Santos, um dos líderes do MBL.

    "Por mais que o [vice] Michel Temer venha dando sinais muito bons nesse sentido, a gente sabe muito bem que existe todo um centrão fisiológico que vai querer empurrar o país para ficar como está", afirma.

    Santos citou como exemplo a aprovação do regime de urgência na tramitação do reajuste dos servidores do Judiciário Federal, cujos contracheques terão elevação de 41% até 2019, com impacto previsto de R$ 6,9 bilhões.

    "Qual a coerência disso?", perguntou. "Se a gente não montar uma frente responsável com setores e parlamentares que estão percebendo a crise vai tudo ao brejo".

    A CNA criou um "comitê de crise" que ficou fazendo ligações para os deputados, liderado por José Mário Schreiner, vice-presidente diretor da CNA e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás.

    "Nós engrossamos outros movimentos que já vinham trabalhando claramente em prol do impeachment", explicou Schreiner.

    "Começamos um trabalho com os parlamentares, especialmente com os indecisos, apoiando os movimentos de rua, principalmente o MBL, e isso culminou com o resultado expressivo a favor do impeachment, de 367 votos", acrescentou.

    Sua sala de controle fez ligações não só para os gabinetes dos indecisos, mas também para as bases eleitorais dos congressistas.

    A ponte entre o MBL e a CNA foi feita por Sílvio Fernandes, ativista do grupo anti-Dilma e membro da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura.

    "O problema é que se estereotipa muito as coisas, a bancada BBB –boi, bala e bíblia–, mas tem coisas coisas nessas bancadas que são muito maiores que as picuinhas que criam confusão lá dentro do Congresso", disse.

    Além do impeachment, o MBL cita outra pauta como a "primeira experiência [do movimento] de ir atrás de deputados": a redução da maioridade penal. Para Santos, "a fórmula se mostrou funcional" nessa ocasião. Ele diz que a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi uma das convertidas pela pressão.

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