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    Lava Jato

    Janot pede novos inquéritos contra Edinho Silva e Eduardo Cunha

    MÁRCIO FALCÃO
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    02/05/2016 14h17

    Lucas Lacaz Ruiz - 19.fev.2016/A13
    Edinho Silva, ministro da Secretaria de Comunicação Social
    Edinho Silva, ministro da Secretaria de Comunicação Social

    O procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de mais um inquérito contra o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, ex-tesoureiro da campanha presidencial de Dilma Rousseff, e uma nova investigação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Os dois pedidos são baseados na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e se desdobram da Operação Lava Jato. Ambos já são investigados atualmente –Edinho é alvo de um inquérito com base na delação de Ricardo Pessoa, enquanto Cunha responde a cinco procedimentos (duas denúncias e três inquéritos ).

    Caso o ministro Teori Zavascki aceite a abertura dos novos inquéritos, será o segundo contra Edinho e o sexto contra Cunha.

    No caso de Edinho, a nova investigação está relacionada ao relato de Delcídio de que o ministro o orientou a receber, via caixa dois, o pagamento de dívidas de campanha de R$ 1 milhão por meio de um laboratório farmacêutico, a EMS.

    Segundo o delator, porém, a operação não se concretizou porque as empresas credoras não aceitaram receber diretamente da EMS.

    Em relação a Cunha, o novo inquérito se refere a uma possível influência que o peemedebista teve em uma diretoria de Furnas. Delcídio disse acreditar "que ele tenha recebido vantagens indevidas" porque mantinha "comando absoluto da empresa".

    Segundo o senador, Furnas chegou a se associar a uma hidrelétrica ligada a Lúcio Bolonha Funaro, corretor de valores muito próximo a Cunha.

    Em seu pedido, Janot chegou a escrever que Cunha era "um dos líderes" da organização criminosa em Furnas.

    "Pode-se afirmar que a investigação cuja instauração ora se requer tem como objetivo preponderante obter provas relacionadas a uma das células que integra uma grande organização criminosa –especificamente no que toca a possíveis ilícitos praticados no âmbito da empresa Furnas. Essa célula tem como um dos seus líderes o presidente da Câmara dos Deputado Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro", disse Janot.

    PACOTE DE INQUÉRITOS

    Além de Cunha e Edinho, Janot pediu abertura também de dois inquéritos contra Aécio e um contra o deputado Marco Maia (PT-RS) e o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Vital do Rêgo.

    No total, são até agora cinco investigações decorrentes da delação premiada do senador Delcídio do Amaral.

    Janot ainda pediu a investigação dos fatos relativos à propina da usina hidrelétrica de Belo Monte aos senadores do PMDB Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA). Nesse caso, porém, não foi aberto inquérito específico, mas foi feito o compartilhamento da delação de Delcídio que relatou o caso nos inquéritos já existentes contra os senadores.

    OUTRO LADO

    Em nota, Edinho Silva disse que as afirmações de Delcídio do Amaral são "mentiras escandalosas" e que sempre agiu de maneira "ética, correta e dentro da legalidade".

    Ele ressaltou que é favorável à apuração de fatos referentes à sua atuação na tesouraria da última campanha presidencial, mas ponderou que jamais orientou o senador a "esquentar doações".

    "Jamais mantive contato com as mencionadas empresas antes ou durante a campanha eleitoral. As doações para a campanha de 2014 estão todas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral, bem como seus fornecedores. As contas da campanha foram todas aprovadas por unanimidade", disse.

    Os senadores do PMDB também negam envolvimento com irregularidades e recebimento de propina.

    O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, por sua vez, disse que o PGR é seletivo.

    "O PGR continua despudoradamente seletivo com relação ao Presidente da Câmara. Se o critério fosse, de fato, a citação na delação do senador Delcídio, ele deveria, em primeiro lugar, ter aberto inquérito para investigar a presidente Dilma, citada pelo senador por práticas de obstrução à Justiça", informou Cunha por meio de nota

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