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    Condomínios inaugurados por Dilma há um mês no Rio têm problemas

    RONALD LINCOLN JR
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

    04/05/2016 02h00

    Roberto Stuckert Filho - 8.abr.2016/PR
    Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais no Rio
    Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de entrega de unidades habitacionais no Rio

    Inaugurados há menos de um mês pela presidente Dilma Rousseff, os condomínios residenciais Santorini e Mikonos, vizinhos em Santa Cruz, zona oeste do Rio, já apresentam diversos problemas em sua estrutura, o que vem deixando os novos moradores apreensivos.

    Funcionários contratados pela construtora Novolar S/A, responsável pela obra, correm de prédio em prédio atendendo aos chamados dos moradores, que reclamam de infiltrações, pisos quebrados, corredores sem iluminação e outros problemas que não eram esperados em um empreendimento recém-entregue.

    Os dois condomínios, cada um com 25 prédios, fazem parte do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida e foram inaugurados pela presidente no dia 8 de abril.

    Ao todo, são mil apartamentos, que foram sorteados para famílias com renda de até R$ 1.600. Os imóveis têm dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço.

    A reportagem da Folha visitou o local no último sábado (30) e encontrou moradores de diversos blocos reunidos para tentar resolver um contratempo no apartamento de Vilma dos Santos, 77.

    Um problema em uma caixa-d'água do prédio da aposentada fez com que o primeiro andar, onde fica seu apartamento, alagasse. Para interromper o vazamento, o registro de água foi fechado, deixando as demais famílias sem abastecimento.

    Panos de chão não deram conta de secar tanta água que invadiu a sala. "Tive de pegar meu cobertor novinho para secar tudo aqui", disse dona Vilma, que contou com a ajuda do filho, de 13 anos.

    "Hoje não pagamos mais aluguel de R$ 600 como antes, mas já quitamos o boleto deste mês", afirmou. Os proprietários, embora sorteados, precisam pagar uma mensalidade correspondente a 5% da renda mensal.

    Apenas uma grade separa o condomínio Mikonos do Santorini, mas as dificuldades são comuns. A auxiliar de cozinha Daniele Oliveira, 31, que mora lá, também sofre com os vazamentos.

    As paredes do apartamento onde vive com os três filhos têm diversas marcas de infiltração, a tinta está descascando e o chão da sala tem azulejos quebrados.

    "Quando fui sorteada, achei que iriam entregar algo direito, mas parece que fomos enganados", disse ela.

    Clauber Cleber Caetano - 8.abr.2016/PR
    Os condomínios Santorini e Mikonos, em Santa Cruz (zona oeste do Rio)
    Os condomínios Santorini e Mikonos, em Santa Cruz (zona oeste do Rio)

    Os problemas hidráulicos não estão restritos ao interior dos prédios. Os castelos-d'água na entrada dos condomínios também apresentam vazamentos –o excesso de água despenca do reservatório e inunda os jardins, causando desperdício e engordando a conta no fim do mês.

    Os corredores do bloco de Daniele não têm luz. À noite, não é possível enxergar as escadas, o que provoca risco de queda. Há ainda o problema da falta de coleta de lixo, embora seja cobrada uma taxa de condomínio.

    Os moradores acabam obrigados a agir por conta própria para superar as dificuldades. Anderson Ribeiro, 40, é uma espécie de "faz tudo". Ajuda a resolver problemas elétricos e hidráulicos dos vizinhos e ainda trabalha coletando o lixo.

    Com a necessidade de resolver logo as complicações, os moradores recorrem a Ribeiro, que, desempregado, colabora com os vizinhos e ainda incrementa a própria renda.

    Alguns funcionários com a camisa da construtora Novolar ainda tentam corrigir os problemas, mas é necessário agendamento prévio e a fila é grande.

    OUTRO LADO

    Procurada pela Folha, a Caixa Econômica Federal disse ter acionado a construtora responsável pelo empreendimento "para realizar os reparos necessários em 30 dias".

    A construtora Novolar afirmou, em nota, ter se comprometido a resolver os problemas que são de sua responsabilidade, mas disse que "grande parte destes citados são provenientes de ressecamentos de juntas por falta de utilização".

    "A obra está pronta há mais de seis meses, mas a prefeitura e Caixa Econômica Federal não liberaram o empreendimento para entrega devido a formação de demanda para ocupação", disse a empresa.

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