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    o impeachment

    Decisão de Teori traz alívio a Temer, que será discreto para evitar retaliação

    GUSTAVO URIBE
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    05/05/2016 12h52

    A decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki de afastar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi recebida com alívio pelo grupo do vice-presidente Michel Temer.

    O diagnóstico do comando peemedebista é que a permanência do aliado no comando da Câmara dos Deputados só desgastaria a imagem de um eventual governo interino caso a presidente Dilma Rousseff seja suspensa pelo Senado Federal na próxima quarta-feira (11).

    Por Cunha ser correligionário e aliado de Temer, além dele ter sido o responsável pela abertura do processo na Câmara dos Deputados, o vice-presidente manterá discrição sobre a decisão e aguardará o julgamento do plenário da Suprema Corte sobre o tema para definir se irá se pronunciar.

    A postura discreta também tem como objetivo evitar eventuais retaliações de Cunha. O receio de peemedebistas é que, mesmo afastado do cargo, Cunha possa, nas palavras de um aliado de Temer, "cair atirando".

    Nos últimos dias, Temer disse a aliados que iniciaria um processo de afastamento de Cunha caso assuma o Palácio do Planalto, recebendo-o apenas em agendas oficiais. O receio é que a imagem do peemedebista contaminasse a sua gestão interina.

    O grupo do vice-presidente também considera frágil a avaliação de que o afastamento de Cunha pode fortalecer o argumento de que o processo de impeachment deve ser reavaliado, como tem defendido integrantes do governo petista.

    Nas palavras de um peemedebista, Cunha apenas acolheu o pedido, mas quem decidiu pelo prosseguimento não foi ele, mas dois terços do plenário da Câmara dos Deputados. Para ele, o argumento também perde força caso o Senado Federal aprove o afastamento de Dilma.

    AVALIAÇÃO DO PT

    A avaliação de que a saída de Cunha é benéfica pra Temer também é feita pelo Palácio do Planalto e pelo PT.

    Segundo um ministro de Dilma, a decisão "tira Cunha de cima de Temer" e diminui um desgaste adicional para sua eventual administração.

    Para auxiliares e assessores da petista, a Suprema Corte demorou para analisar a saída do peemedebista diante das denúncias contra ele, o que, na avaliação do Palácio do Planalto, influenciou na aprovação do processo de impeachment da presidente.

    Relator da Lava Jato, Teori concedeu liminar em um pedido de afastamento feito pela Procuradoria-Geral da República.

    Ele apontou 11 situações que comprovariam o uso do cargo pelo deputado para "constranger, intimidar parlamentares, réus, colaboradores, advogados e agentes públicos com o objetivo de embaraçar e retardar investigações".

    Na peça, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a classificar o peemedebista de "delinquente".

    Cunha será substituído por outro investigado na Lava Jato, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA).

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