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    Lava Jato

    Procuradores da Lava Jato denunciam ex-senador e condenados no mensalão

    JULIANA COISSI
    DE CURITIBA
    FELIPE BÄCHTOLD
    DE SÃO PAULO

    06/05/2016 14h06 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress
    Ex-senador Gim Argello (PTB), preso na 28ª fase da Operação Lava Jato, no IML de Curitiba (PR) para exame de corpo de delito
    Ex-senador Gim Argello, preso na 28ª fase da Operação Lava Jato

    Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba apresentaram denúncia à Justiça Federal nesta sexta-feira (6) contra o ex-senador Gim Argello (PTB-DF), o empresário Ronan Maria Pinto e outras 18 pessoas suspeita de envolvimento em pagamentos de propinas por empreiteiras com contratos com a Petrobras.

    Segundo as investigações, Argello e pessoas de sua confiança cobraram propina de empresas entre abril e dezembro de 2014 para evitar que empreiteiros fossem convocados a depor na CPI do Senado e na CPMI no Senado e na Câmara que apurava corrupção em contratos da Petrobras.

    Além deles, estão sendo denunciados os empreiteiros Marcelo Odebrecht, da holding Odebrecht, Ricardo Pessoa, da UTC, Léo Pinheiro, da OAS, e executivos dessas construtoras.

    MENSALÃO

    Já no caso de Ronan Maria Pinto, os investigadores apontam que houve crime de lavagem de dinheiro envolvendo cerca de R$ 6 milhões, por meio de um empréstimo fraudulento com o banco Schahin. O valor equivale a metade dos R$ 12 milhões pedidos em empréstimo pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que figurou como intermediário do PT.

    A suspeita é de que os valores tenham sido usados para comprar o silêncio de Ronan sobre fatos relacionados à morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), assassinado em 2002.

    Três condenados pelo Supremo Tribunal Federal no mensalão também são alvos da denúncia: Marcos Valério de Souza, pivô do escândalo, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e o doleiro Enivaldo Quadrado.

    Ronan Maria Pinto foi preso no dia 1º de abril, na 27ª fase da Lava Jato, chamada Carbono 14, que também prendeu o ex-tesoureiro do PT Silvio Pereira.

    Argello foi preso na 28ª fase, denominada de Vitoria de Pirro – dois assessores foram presos, e seu filho Jorge Argello Junior e executivos da OAS foram conduzidos compulsoriamente à delegacia.

    OS DENUNCIADOS

    - Denúncia 1:

    Gim Argello, ex-senador
    Jorge Argello Junior, filho de Gim Argello
    Paulo César Roxo, assessor da campanha do PR-DF em 2014
    Valério Neves Campos, coordenador político do PR-DF em 2014
    Léo Pinheiro, empreiteiro da OAS
    Roberto Zardi Ferreira, executivo da OAS
    Dilson de Cerqueira Paiva Filho, executivo da OAS
    Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC
    Walmir Pinheiro Santana, executivo da UTC
    Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht
    Claudio Melo Filho, executivo da Odebrecht

    - Denúncia 2:

    Ronan Maria Pinto, empresário
    Sandro Tordin, ex-presidente do banco Schahin
    Marcos Valério Fernandes de Souza, publicitário condenado no mensalão
    Enivaldo Quadrado, doleiro condenado no mensalão
    Breno Altman, jornalista
    Luiz Carlos Casante, empresário
    Natalino Bertin, empresário
    Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, empresário
    Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT condenado no mensalão

    OUTRO LADO

    A defesa de Ronan Maria Pinto disse que vai comprovar que não houve lavagem. Diz que as datas e os valores apresentados pelo Ministério Público Federal não batem com a tese de que o empréstimo contraído pelo PT foi usado para comprar o jornal "Diário do Grande ABC".

    Também critica a permanência do acusado na prisão, já que ele não é suspeito de cometer nenhum crime violento.

    A Odebrecht e a OAS informaram que não vão se manifestar.

    Segundo o advogado Marcelo Leonardo, que representa Marcos Valério, o publicitário considera a denúncia contra ele "absolutamente sem sentido, uma vez que foi a partir do depoimento que ele prestou em colaboração ao Ministério Público Federal que todos os fatos envolvendo o empréstimo a Ronan Maria Pinto foram esclarecidos".

    Ainda de acordo com o advogado, Marcos Valério ofereceu uma colaboração ao Ministério Público em setembro de 2012. "O que ele disse naquela ocasião é o que acabou demonstrado aí, e ele não teve nenhuma participação nos fatos, apenas deles tomou conhecimento". Seu cliente, disse, continua à disposição para colaboração com o Ministério Público Federal.

    Em nota, o advogado Pedro Paulo de Medeiros, que defende Delúbio Soares, afirmou que nem ele nem seu cliente tiveram acesso à denúncia. "Não obstante isso, [Delúbio] pode afirmar, independentemente de conhecê-la, que não cometeu qualquer ato ilegal nem auxiliou qualquer pessoa a praticá-lo. Todos os seus atos sempre se pautaram pela estrita legalidade e interesses lícitos. Sobre imputação a terceiros, nada pode opinar, mas somente sua própria conduta e intenção. Contudo, não lhe foi apresentado até o presente momento qualquer elemento para que possa imputar desvios de conduta a terceiros."

    A defesa de Paulo César Roxo disse que vai provar a inocência dele durante o processo e afirma que ele não sabia das irregularidades envolvendo pagamentos para Gim Argello.

    O advogado Roberto Podval, que defende Breno Altman, diz que a denúncia não tem elementos para incluí-lo entre os acusados de lavagem e entende que o juiz Sergio Moro não vai dar seguimento a essa parte da denúncia.

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