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    novo governo

    Análise

    Estado deve reduzir papel na promoção da cultura

    RODOLFO VIANA
    DE SÃO PAULO

    12/05/2016 18h39

    Rubens Valente - 16.abr.2016/Folhapress
    O deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE) assumirá o ministério da Educação no governo Temer
    O deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE) assumirá o ministério da Educação no governo Temer

    "País pobre é país sem cultura", diz uma faixa afixada na quinta (12) ao lado do prédio do Ministério da Cultura, na Esplanada dos Ministérios. É "uma resposta silenciosa", diz um servidor, à extinção da autonomia do MinC –que agora será incorporado pelo Ministério da Educação e deve ser apenas uma secretaria— e a nomeação de Mendonça Filho (DEM-PE) para assumir a pasta resultante dessa fusão.

    Se Mendonça seguir o histórico do partido na Câmara, a cultura ficará às moscas: de 89 proposições dos deputados federais do DEM em 2016, apenas duas são voltadas para a área.

    Mesmo que Mendonça não tenha escolhido o nome para a secretaria da Cultura do MEC, é provável que, a partir de agora, o Estado tenha um papel reduzido na promoção de cultura. As histórias de Mendonça e do DEM apontam para este caminho: o agora ministro da Educação e Cultura foi um dos principais articuladores da privatização da Celpe (Companhia de Eletricidade de Pernambuco) em 2000. E, em evento do último 1º de Maio, defendeu a privatizações e fusões para racionalizar recursos do governo.

    Juca Ferreira, até então titular do MinC e pré-candidato do PT à prefeitura de Salvador, seguia em direção oposta: aproximava o MinC da sociedade. O Estado hoje fomenta a atuação de produtores culturais de maneira ativa, seja por bolsas e editais, seja por leis de incentivo, seja pelo crédito de R$ 100 milhões para a música, via FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) —que já é deficitário e recorre ao Tesouro para ser coberto— anunciado no começo de maio.

    Como herdeiro de Gilberto Gil na pasta, Juca teve o mérito de aproximar o MinC da sociedade, tornado-o mais democrático para quem faz e consome cultura: ampliou o Vale-Cultura ao permitir que empresas aceitem-no em transações eletrônicas, assumiu protagonismo nos debates sobre direitos autorais, abriu espaço para políticas (e editais) para as mulheres e as comunidades indígena e LGBT.

    Mas, ao aproximar o ministério da sociedade —dos produtores e dos consumidores de cultura—, afastou-o do governo. Um exemplo desse distanciamento é o trâmite do ProCultura, projeto que viria para substituir a já defasada lei Rouanet e que está emperrado no Senado desde 2014.

    Mendonça —um dos principais articuladores da oposição na Câmara— não tem tradição alguma na área cultural, mas está próximo do Congresso. Deve trazer a Cultura para junto de si, ainda que isso vá afastá-la da sociedade.

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