Depois de assessores começarem a retirar os retratos oficiais da presidente Dilma Rousseff dos gabinetes do Palácio do Planalto, uma ordem do presidente interino Michel Temer (PMDB-SP) determinou que eles fossem colocados de volta.

A operação de remoção dos retratos começou no mesmo dia em que a presidente petista foi afastada, na quinta-feira (12), depois de notificada da decisão do Senado de admitir o processo de impeachment contra ela.

As retiradas seguiram nesta sexta (13) pela manhã em alguns gabinetes do Planalto, quando a reportagem da Folha flagrou uma pilha de retratos colocados sobre uma mesa, à espera de transporte para o arquivo do prédio.

Tão logo a informação foi publicada no site do jornal, um assessor levou uma cópia da reportagem até o presidente interino, que participava de sua primeira reunião ministerial no segundo andar do Palácio do Planalto.

Ao ler o texto, Temer logo deu a ordem para que a operação em curso nos gabinetes fosse interrompida imediatamente e os retratos de Dilma fossem recolocados.

"Ele entende que esse governo é transitório", ressaltou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, à imprensa, explicando a determinação do peemedebista.

Em seu primeiro discurso ao assumir o governo, Temer disse que fazia questão de declarar seu "absoluto respeito institucional à senhora presidente Dilma Rousseff".

Temer também comentou o assunto em entrevista à revista "Época" concedida nesta sexta. "É preciso ter respeito. Ela está afastada, mas continua presidente. Até que saia em definitivo, caso seja essa a decisão do Senado, deve ter seus direitos como presidente afastada assegurados."

Até a votação final do processo de impeachment no Senado Federal, Dilma Rousseff ainda é a detentora do cargo, apesar de não despachar mais no Planalto.

Nesse intervalo, Temer assume na condição de interino, com o poder de nomear ministros e lançar mão de iniciativas e medidas.

FOTO ANTIGA

Dias antes de ser afastada de seu cargo, a presidente Dilma foi aconselhada pelo ex-fotógrafo da Presidência, Roberto Stuckert Filho, a trocar sua foto oficial, que fez em 2011, no primeiro dia de seu primeiro mandato.

Mesmo com cerca de 20 quilos a mais na foto, feita antes da dieta Ravenna, Dilma rechaçou a ideia. Disse que gostava da imagem e que não queria dar "ares de mudança" para os últimos dias como presidente.