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    Val Marchiori é acusada de fraude em empréstimo do Banco do Brasil

    DE SÃO PAULO

    18/05/2016 22h26 - Atualizado às 11h20

    O Ministério Público Federal em São Paulo apresentou denúncia criminal contra a socialite Val Marchiori na qual ela é acusada de ter obtido de maneira fraudulenta um empréstimo no Banco do Brasil no valor de cerca de R$ 2,8 milhões em 2013.

    Segundo a acusação da procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, concluída no último dia 9 de maio, Val alterou o objeto social da empresa que administra, a Torke Empreendimentos e Participações Ltda, apenas para atender a uma exigência da instituição financeira e assim conseguir a liberação do empréstimo, que tem valores oriundos do programa Sustentação do Investimento, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

    De acordo com a denúncia, Val incluiu a atividade de transporte rodoviário de produtos perigosos no objeto social da Torke menos de um mês antes de formalizar a proposta de abertura de crédito no Banco do Brasil para viabilizar a aquisição de cinco caminhões e cinco semirreboques.

    A procuradora da República apontou na acusação que o real destinatário dos veículos foi o irmão de Val, Adelino Marchiori, que possui empresa do ramo de transportes.

    Além de Val e Adelino Marchiori, também foi acusado de envolvimento no delito Alexandre Canizella, que segundo a denúncia foi o gerente do Banco do Brasil que cuidou da operação financeira.

    A pena para o crime de empréstimo fraudulento é de dois a seis anos de prisão e multa.

    A realização do empréstimo foi revelada pela Folha em outubro de 2014. O jornal mostrou que a Torke obteve o dinheiro apesar de a socialite não ter quitado débitos com o banco. Ela também não tinha capacidade financeira para arcar com o empréstimo, segundo documentos obtidos pela reportagem.

    Val é amiga de Aldemir Bendine, que à época do empréstimo era o presidente do Banco do Brasil e atualmente é o presidente da Petrobras. Ele deve deixar o comando da estatal no governo Temer.

    A socialite esteve com Bendine em duas missões oficiais do banco, uma na Argentina e outra no Rio. Em entrevista à Folha, o ex-motorista do BB Sebastião Ferreira da Silva disse que a buscava em diversos locais de São Paulo a pedido dele. "Fui buscar muitas vezes a Val Marchiori", afirmou.

    O ex-presidente do Banco do Brasil nega qualquer participação na concessão do empréstimo. Ele reconhece que ficou hospedado no mesmo hotel que Marchiori nas duas ocasiões, mas diz que a estadia dela não tinha relação com as missões do banco, que foram coincidências.

    O Ministério Público Federal e a Polícia Federal iniciaram investigações para apurar se Bendine teve envolvimento no empréstimo, porém ele não foi citado na denúncia apresentada contra Val pela procuradora Karen Kahn.

    OUTRO LADO

    Por meio de sua assessoria, Val Marchiori afirmou que espantou-se porque a imprensa ficou sabendo do caso antes dela e de seus advogados. Afirmou ainda que, no procedimento que foi investigada, e que "cabalmente restou demonstrada" sua inocência, "tramitou em sigilo e ficou indisponível para consulta desde o oferecimento da denúncia".

    Em nota, afirmou que não iria comentar porque não obteve o exato teor da acusação.

    "Registro, porém, que nada fiz de errado. Todas as minhas atividades, bem como as da empresa Torke, foram e são absolutamente lícitas e regulares."

    "Repudio veementemente a acusação, e tenho a certeza de que o Poder Judiciário não se deixará pressionar e impressionar pela publicidade indevidamente dada a esse caso. Confio, assim, na rejeição da denúncia", diz a nota.

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