Um dos pontos nevrálgicos da primeira semana do governo Temer foi sua comunicação. Declarações precipitadas e desmentidos imprimiram um tom de balbúrdia do qual o próprio presidente interino se queixou ao fim.

Dois fatores concorrem para o cenário, que começou a ser contido após o segundo recuo ministerial, quando Ricardo Barros (Saúde) fez malabarismo para desdizer o que afirmara à Folha sobre as dificuldades de cobertura do Sistema Único de Saúde.

Primeiro, a própria montagem do gabinete, com ministros bancados por seus partidos num Congresso com diversas visões de mundo falando livremente.

Além disso, no enxugamento simbólico da Esplanada, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) perdeu o status de ministério. Márcio Freitas, assessor de longa de data de Temer nomeado secretário de Comunicação Social, ficou com todas as atribuições de seu antecessor, menos o poder de orientar ministros.

Temer passou recado a ministros para que não falem de assuntos ainda em estudo. Determinou que Freitas e Eliseu Padilha (Casa Civil) coordenassem um cronograma de entrevistas.

O primeiro exemplo foi o de Bruno Araújo (Cidades), que, após o vazamento de notas sobre o que pretendia fazer com o Minha Casa Minha Vida, marcou entrevista para dar a versão oficial.

Enquanto isso, a Secom corta verbas de blogs e sites favoráveis ao PT. O objetivo de Temer é secar a fonte dos "blogueiros progressistas". A auditoria nos gastos, inclusive os de mídia tradicional, foi determinada não só na Secom (dona de orçamento publicitário de R$ 250 milhões).

Outra guerra aberta ocorre na EBC, estatal que possui redes de TV e rádio, cujo presidente exonerado, Ricardo Melo, foi à Justiça alegando que Michel Temer violou seu mandato.

Um nome do mercado foi escolhido para cuidar da área de publicidade. O anúncio será feito na próxima semana. Freitas ainda busca um nome para o relacionamento com a imprensa.