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    PT e PSOL dizem que áudio reforça tese de que impeachment é 'viciado'

    RANIER BRAGON
    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    23/05/2016 11h25 - Atualizado às 14h50

    O PT e o PSOL afirmaram na manhã desta segunda-feira (23) que o áudio em que Romero Jucá (Planejamento) sugere um pacto para deter a Lava Jato reforça a tese defendida por esses partidos de que o impeachment de Dilma Rousseff é viciado e usado como moeda de troca para blindar políticos do alcance da Lava Jato.

    Partido atingido em cheio pelas investigações do esquema de corrupção da Petrobras, o PT diz estar estudando as medidas jurídicas cabíveis.

    "São fatos de extrema gravidade, que reforçam a nossa convicção de que esse processo de impeachment é todo nulo e viciado. Na nossa opinião, os fatos se encaixam na tese de que há uma organização criminosa que atuou nesse processo com o objetivo de salvar o Eduardo Cunha [presidente afastado da Câmara] e os mandatos de políticos e partidos investigados na Lava Jato", afirmou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), escalado para falar pela bancada do PT na manhã desta segunda.

    Pimenta critica ainda a Procuradoria-Geral da República, que segundo ele deveria ter tornado público o áudio antes da votação do pedido de impeachment de Dilma na Câmara (17 de abril) e no Senado (12 de maio). "Isso pode ser encarado até como prevaricação, já que é certo que poderia ter alterado todo o curso desse processo".

    Pedro Ladeira - 5.abr.16/Folhapress
    Romero Jucá, ministro do Planejamento, disse que criar novo imposto não é a primeira opção do governo
    Romero Jucá (PMDB-RR), senador licenciado e ministro do Planejamento, em fala no Senado Federal

    PRISÃO

    Já o PSOL anunciou que irá apresentar ainda nesta segunda-feira (23) representação na Procuradoria-Geral da República para que o órgão peça a prisão de Jucá por obstrução da Justiça.

    O partido diz não ter dúvida de que houve uma "operação abafa" na Lava Jato em troca da aprovação da abertura de processo de impeachment contra Dilma.

    "O PSOL não reconhece Temer como presidente e nem os corruptos que o acompanham. O mínimo que a PGR deve fazer é pedir a prisão de Jucá. O mínimo que O STF deve fazer é acatar o pedido", afirmou em nota o presidente nacional do partido, Luiz Araújo.

    CONSELHO DE ÉTICA

    O PDT entrará com uma representação no Conselho de Ética do Senado contra Jucá. O documento que pedirá a cassação do mandato do peemedebista será assinado pelos senadores Telmário Mota (RR) e Lasier Martins (RS) e pelo presidente da sigla, Carlos Lupi.

    O documento será protocolado no Conselho de Ética nesta terça-feira (24). Segundo Telmário, o partido entende que Jucá tentou obstruir a Justiça ao afirmar que conversou com ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Na versão de Jucá contada a Machado, os ministros teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava Jato.

    O senador diz ainda que o caso de Jucá é mais grave do que o do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), cassado há duas semanas por ter tentado convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a não fazer uma delação premiada na operação.

    "[A gravação de Jucá] Foi mais grave, mais profunda. Delcídio queria proteger um possível delator, Jucá quer parar a Operação Lava Jato. A proposta dele é neutralizar a Justiça brasileira", disse.

    "Novamente estamos vivendo situação extremamente delicada no país e mais uma vez um senador da República está envolvido em tentar obstruir o trabalho da Justiça brasileira. Então, o procedimento do senador Jucá foi igual do Delcídio e isso nos impulsionará a entrar com o processo", completou.

    Questionado sobre se acreditava que o Senado iria analisar de fato a cassação de Jucá, que tem amplo trânsito na Casa e foi líder de diversos governos, e no momento em que o PMDB comanda o Legislativo e o Executivo e o presidente do conselho, senador João Alberto Souza (MA), também é do PMDB, Telmário afirmou que a Casa não pode ter "dois pesos e duas medidas".

    "Espero o mesmo procedimento, mesma celeridade e mesmos interesses. Do contrário, essa casa passa a ter dois pesos e duas medidas. E nós aqui não estamos para passar a mão na cabeça de ninguém. [...] É gravíssimo essa posição dele e todo mundo sabe que Romero foi o grande articulador desse impeachment", disse.

    Líder do PCdoB no Senado, Vanessa Grazziotin (AM), afirmou que Jucá deverá ter seu mandato cassado pelo conselho de ética. "O senador Jucá não tem saída. Por fatos muito menores que esse um senador foi preso e perdeu seu mandato", afirmou ela comparando o caso de Jucá com o de Delcídio.

    "Os objetivos desse golpe, além das mudanças na condução da política econômica e social, é também parar com essas investigações da Lava Jato e as gravações deixam isso mais do que claro. Acho que desde o início da operação, estamos diante do fato mais grave até agora", disse.

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