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    novo governo

    Protagonista de crise, Sérgio Machado negocia delação premiada com PGR

    MÁRCIO FALCÃO
    AGUIRRE TALENTO
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    23/05/2016 11h51 - Atualizado às 21h59

    Renata Mello/Transpetro
    Presidente Sergio Machado em discurso durante cerimônia da viagem inaugural do Navio José Alencar. Foto: Renata Mello / Transpetro ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, durante cerimônia de viagem inaugural de navio

    Protagonista da primeira crise do governo Temer, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado gravou conversas suas com peemedebistas para negociar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. A colaboração foi fechada e aguarda ser homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).

    Segundo a Folha apurou, há ainda gravações envolvendo ao menos o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney.

    Machado vinha conversando há alguns meses com os investigadores para tentar costurar a delação, revelando detalhes do esquema de corrupção em troca de benefícios, mas, inicialmente, chegou a enfrentar resistências pelo material oferecido. Apontado como afilhado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Machado ocupou o comando da subsidiária e só saiu após os desdobramentos das investigações do esquema.

    Machado e Renan são alvos de apurações no Supremo por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras. O ex-presidente da Transpetro também faz parte de um pedido da Procuradoria para que seja incluído como investigado no principal inquérito da Lava Jato, que apura se uma organização criminosa atuou nos desvios da estatal.

    Delatores como Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Fernando Baiano, Ricardo Pessoa e Nestor Cerveró apontaram Renan como destinatário de propina desviada da Transpetro.

    Segundo investigadores, Machado era uma peça importante para avançar sobre um possível envolvimento da cúpula do PMDB no Senado com os desvios na Petrobras.

    Em dezembro, Machado chegou a ser alvo de busca e apreensão da Polícia Federal e do Ministério Público Federal em um dos desdobramentos das investigações.

    A Folha mostrou em novembro que, em depoimento à Polícia Federal, Machado disse ainda que sua indicação para o cargo foi patrocinada pelo PMDB nacional. "Tal indicação foi resultado de uma avaliação do próprio partido, por seus líderes, membros e dirigentes, não se podendo atribuí-la a uma pessoa ou outra".

    Ele chegou a admitir que teve encontros com Fernando Soares, o Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras. Fernando Baiano e Paulo Roberto Costa, dois delatores, afirmaram em seus acordos de colaboração premiada que Renan era beneficiário dos desvios da subsidiária. Costa, ex-diretor de Abastecimento, disse ainda que Machado lhe entregou ainda R$ 500 mil em espécie. Investigadores encontraram anotações de Costa com FB e Navios, que segundo a PF são referências a Fernando Baiano e Transpetro.

    Questionado pela PF sobre reuniões com Fernando Baiano, Sérgio Machado reconheceu que conhece o lobista e que estiveram juntos na Transpetro "em algumas oportunidades, com o propósito de tratar de empresas que ele [Baiano] representava."

    O presidente do Senado tem negado que tenha relação com o esquema de corrupção na estatal e sempre disse que suas relações com dirigentes de empresas públicas "nunca ultrapassaram os limites institucionais".
    Procurado nesta segunda, Machado não quis se manifestar.

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