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    novo governo

    Dilma diz que Jucá 'escancarou' estratégia para 'deter Lava Jato'

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    23/05/2016 21h54

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Brasilia, DF, Brasil 23.05.2016 presidente afastada Dilma Rousseff participa da abertura do IV congresso da FETRAF Foto:Pedro Ladeira/Folhapress cod 4847
    Presidente afastada Dilma Rousseff participa da abertura de evento da Fetraf

    A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (23) que as declarações do ministro Romero Jucá (Planejamento) "escancararam" o que chama de "caráter golpista" de seu impeachment e diz que o processo tinha o "real objetivo" de interromper a Operação Lava Jato.

    "A gravação mostra o ministro do Planejamento interino, Romero Jucá, defendendo o meu afastamento como parte integrante e fundamental de um pacto que tinha como objetivo interromper as investigações", disse Dilma durante evento em Brasília com trabalhadores da agricultura familiar.

    "Se alguém ainda não tinha certeza de que há um golpe em curso, baseado no desvio de poder e na fraude, as declarações fortemente incriminatórias de Jucá sobre os reais objetivos do impeachment e sobre quem está por trás dele eliminam qualquer dúvida. A gravação escancara o desvio de poder e a fraude do processo de impeachment praticados contra uma pessoa inocente. Revelam o modus operandi do consórcio golpista", completou.

    Nesta segunda-feira (23), a Folha divulgou gravações em que Jucá fala em um pacto para deter o avanço da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras.

    Em conversas ocorridas em março deste ano, o ministro do Planejamento sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, ligado ao PMDB, que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Lava Jato, que investiga os dois.

    Em discurso de cerca de meia hora diante de uma plateia de 700 pessoas simpáticas a seu governo, Dilma disse que o impeachment "era a melhor estratégia de paralisação da Lava Jato" e, sem citar nomes, disse que "eles diziam que era para continuar [as investigações], mas por trás tomavam todas as medidas para paralisar".

    "A frase mais sintética [das gravações] é: 'tem que mudar o governo para estancar a sangria [da Lava Jato]", disse Dilma sob os gritos de "não vai ter golpe" e "fora, Temer".

    Sem citar o nome do presidente interino, Michel Temer, Dilma disse que "continuará lutando" para voltar ao cargo e, numa crítica à montagem do ministério do peemedebista, disse que os brasileiros "não elegeram um governo só de homens, brancos, ricos e velhos".

    Para Dilma, há uma "grande temor" de que o "governo ilegítimo" cerceie movimentos sociais, por exemplo, para poder "executar suas ações".

    CUNHA

    Dilma usou mais uma vez da estratégia de colar a imagem de Temer à do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e se utilizou mais uma vez das gravações de Jucá.

    "O próprio vice-presidente, como disse Romero Jucá, é tutelado por Eduardo Cunha. Aliás, Jucá diz na gravação uma frase muito pesada: Michel é Eduardo Cunha", afirmou Dilma.

    A petista disse que, com isso, "fica evidente o caráter espúrio dessa interinidade".

    Durante o evento, Dilma estava acompanhada dos ex-ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), Carlos Gabas (Aviação Civil) e Eleonora Menicucci (Mulheres).

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