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    Governo Temer tem a 1ª baixa com 12 dias de vida

    DE SÃO PAULO

    24/05/2016 02h00

    Alan Marques/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 23.05.2016. O ministro do Planejamento, Romero Jucá, dá entrevista após entregar ao presidente do Senado Federal, Renan Calheiros a nova meta fiscal. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 23.05.2016. O ministro do Planejamento, Romero Jucá, dá entrevista após entregar ao presidente do Senado Federal, Renan Calheiros a nova meta fiscal. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER

    DE BRASÍLIA
    Apenas 12 dias após sua posse, o presidente interino, Michel Temer, perdeu seu ministro do Planejamento. Romero Jucá não resistiu e foi obrigado a deixar o governo depois de a Folha divulgar gravações em que ele sugere um pacto para deter a Operação Lava Jato.

    A queda de Romero Jucá nesta segunda (23) atinge um dos principais articuladores da aprovação do afastamento de Dilma Rousseff no Congresso e fragiliza o governo Temer logo na sua largada.

    O interino apostava na capacidade de articulação de Jucá no Legislativo e no meio empresarial para dar respostas rápidas na economia.

    Jucá afirmou que irá tirar uma "licença" até que a Procuradoria-Geral da República responda a uma representação de seu advogado questionando se as gravações contêm alguma ilegalidade ou crime. Na verdade, ele será "exonerado a pedido" nesta terça para poder reassumir seu mandato no Senado pelo PMDB de Roraima.

    Interinamente, será substituído pelo secretário-executivo, Dyogo Oliveira, que no governo Dilma ocupava o mesmo posto na equipe de Nelson Barbosa (Fazenda).

    Oliveira é investigado na Operação Zelotes, que apura supostos esquemas de venda de medidas provisórias e fraude fiscal. Ele nega envolvimento em irregularidades.

    Apesar de Jucá ter anunciado que espera voltar ao cargo, a equipe de Temer avalia que isto não deve ocorrer e já começou a avaliar substitutos. Isto, porém, não será feito nos próximos dias porque o presidente não quer impor mais desgaste a seu auxiliar, de quem se sente "devedor".

    Temer já sabia desde domingo (22), alertado pelo próprio Jucá, da gravação onde o senador, em conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, diz que "tem que mudar o governo para poder estancar essa sangria".

    Machado, que fez as gravações, também registrou diálogos com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da República José Sarney.

    Na manhã desta segunda (23), Temer confidenciou a interlocutores que Jucá não tinha condições de ficar porque passaria a ser alvo constante da imprensa, gerando risco de imobilizar o governo.

    O presidente interino esperava, contudo, que partisse do ministro a decisão de pedir um afastamento temporário da equipe, o que seria uma saída honrosa para o auxiliar.

    Em reunião no Palácio do Jaburu pela manhã, Jucá prometeu dar entrevista explicando o contexto da gravação.

    À Folha Temer já adiantava o futuro do ministro ao dizer que reafirmava seu "compromisso com a Lava Jato" e que, "se houver embaraços pela frente, eles serão retirados". Naquele momento, o presidente apostava na saída negociada e acreditava que Jucá entregaria o cargo.

    O então ministro do Planejamento, contudo, deu uma entrevista no final da manhã na qual criticava a Folha, afirmava não ter feito nada para travar a Lava Jato e dizia que falava de economia ao comentar que era preciso tirar a petista Dilma Rousseff para "estancar essa sangria".

    Temer ficou preocupado com a disposição de ele seguir no cargo. Um assessor comentou que Jucá deu sinais de que não se demitiria e transferia para Temer a decisão.

    Assessores de Temer avaliaram que, depois de a reportagem publicar o áudio da gravação entre Machado e Jucá no início da tarde, mostrando que o ministro não falava de economia ao dizer que era preciso "estancar essa sangria", o caso demandava uma solução rápida.

    Ali, ficou acertado que Temer não podia ir ao Congresso sem que houvesse uma definição sobre a situação de Jucá. Por volta das 17h, o presidente interino entregaria a Renan a nova meta fiscal, com previsão de rombo de R$ 170,5 bilhões em 2016.

    Antes de seguir para o Legislativo, Jucá e aliados de Temer acertaram que o até então ministro do Planejamento pediria licença do cargo.

    Depois de anunciar a saída, Jucá foi para o Jaburu fechar com Temer e Henrique Meirelles (Fazenda) as medidas econômicas que serão divulgadas nesta terça (24).

    (VALDO CRUZ, GUSTAVO URIBE, MARIANA HAUBERT, MARINA DIAS, DANIELA LIMA, MACHADO DA COSTA E LEANDRO COLON)

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