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    novo governo

    Na presença de Jucá, Temer diz que não irá interferir em investigações

    GUSTAVO URIBE
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    24/05/2016 11h22 - Atualizado às 12h06

    Na presença no senador Romero Jucá (PMDB-RO), exonerado do Ministério do Planejamento após divulgação de gravação em que sugeriu um pacto para deter a Operação Lava Jato, o presidente interino, Michel Temer, afirmou nesta terça-feira (24) que não irá interferir em apurações da Polícia Federal.

    Sem citar a Operação Lava Jato, o peemedebista citou a Constituição Federal para ressaltar que o Poder Executivo não pode invadir a competência do Judiciário e que, embora o Estado democrático preveja o direito de defesa, não pode haver interferência governamental.

    O discurso foi feito durante reunião do presidente interino com a base aliada do Congresso Nacional. Exonerado oficialmente nesta terça-feira (24), decisão publicada no "Diário Oficial da União", Jucá participou do encontro como senador.

    "Não podemos invadir a competência de outros poderes para preservar a teoria e a coerência, porque a Constituição Federal assim o determina", disse. "Nós não vamos impedir a apuração com vistas à moralidade pública e administrativa. Pelo contrário, vamos incentivá-la", acrescentou.

    A decisão de Jucá pedir licença do cargo foi tomada após a divulgação de áudio que desmentiu a versão inicial do ministro de que ele se referia à situação econômica.

    Após o vazamento, Jucá e Temer se reuniram no Palácio do Jaburu e acertaram a permanência de forma interina do secretário-executivo, Dyogo Oliveira, no comando da pasta.

    Oliveira é investigado na Operação Zelotes, que apura supostos esquemas de venda de medidas provisórias e fraude fiscal. Ele nega envolvimento em irregularidades.

    ZELOTES

    Em entrevista à imprensa, após o discurso do presidente interino, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) negou que tenha gerado desconforto o fato de Dyogo Oliveira ter sido citado pelo lobista Alexandre Paes dos Santos no rastro da Operação Zelotes. Segundo ele, não há inquérito ou investigação em curso contra o ministro interino.

    No ano passado, o Ministério Público Federal pediu as quebras dos sigilos fiscal e bancário de Oliveira, que é apontado como uma eventual ligação de lobistas com o governo federal para tratar a edição de normas em medidas provisórias.

    "É uma citação por alguém que é delator em um processo qualquer", disse Padilha. "É absolutamente irrelevante, porque não existe inquérito nenhum e nenhuma iniciativa do Ministério Público para que ele seja investigado em virtude disso", acrescentou.

    O ministro também fez elogios a Jucá e lamentou sua exoneração do cargo, ressaltando que o governo federal perde um de seus "grandes players". Segundo ele, fora do cargo, o peemedebista ajudará a gestão interina no Congresso Nacional e permanece em "stand by" até que Temer tome uma decisão sobre seu eventual retorno.

    "Os ministros Romero Jucá e Henrique Meirelles (Fazenda) faziam uma dupla, que, no linguajar do Rio Grande do Sul, se diz que tocava de ouvido, tinha perfeito entrosamento e trabalhava de mãos dadas", disse. "A equipe perde, espero que temporariamente, um de seus grandes players", acrescentou.

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