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    Morre o advogado Arnaldo Malheiros Filho, que defendeu de Bumlai a FHC

    DE SÃO PAULO

    24/05/2016 16h53 - Atualizado às 21h41

    Heuler Andrey - 14.jan.2016/Folhapress
    O advogado Arnaldo Malheiros Filho, morto nesta terça-feira (24) aos 65 ano
    O advogado Arnaldo Malheiros Filho, morto nesta terça-feira (24) aos 65 ano

    O advogado criminalista Arnaldo Malheiros Filho, que defendia o empresário José Carlos Bumlai na Operação Lava Jato, morreu nesta terça-feira (24) em São Paulo em decorrência de complicações de um transplante de fígado.

    Ele tinha 65 anos e estava internado havia cerca de um mês no hospital Sírio Libanês, onde passou por dois transplantes, já que houve rejeição do primeiro órgão transplantado. Nesse período, foi submetido a uma terceira cirurgia, para melhorar a irrigação do fígado.

    Considerado um dos mais brilhantes criminalistas de sua geração, Malheiros teve uma constelação de clientes ilustres, que incluía dois ex-presidentes da República (Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor de Mello) e dois ex-governadores de São Paulo (Paulo Maluf e Orestes Quércia).

    Ele também atuou na defesa do atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que era dono do Banco Santos, e da empresária Eliane Tranchesi, uma das sócias da loja de luxo Daslu. No mensalão, defendeu o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares junto com o advogado Celso Vilardi.

    Amigo do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, teve o seu nome cogitado para ocupar uma vaga no Supremo em 2011. A indicação enfrentou resistências por ele ter defendido Delúbio.

    Formado pela Faculdade de Direito da USP em 1972, Malheiros defendeu presos políticos na ditadura militar (1964-1985) e era crítico de juízes que, segundo ele, buscam a eficiência contornando garantias constitucionais.

    Quando Bumlai foi preso, em novembro do ano passado por decisão do juiz Sergio Moro, Malheiros considerou a medida ilegal e comparou-a aos arbítrios da ditadura. Mesmo com essa visão crítica, aconselhou o cliente a confessar certos crimes.

    Leitor voraz, tinha um gosto que ia de Robert Louis Stevenson a J. D. Salinger. "Digo sempre a meus colegas mais jovens que advogar é saber contar uma história".

    Ele deixa a mulher, Maria Alice, dois filhos e um neto.

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