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    Lava Jato

    Gilmar pede que Janot reavalie 2º pedido de inquérito contra Aécio

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    25/05/2016 10h35 - Atualizado às 14h06

    Moacyr Lopes Junior - 8.mar.2016/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL. 08.03.2016. O senador Aecio Neves e a lideranca nacional do PSDB ao conversarem com jornalistas em entrevista coletiva, no Palacio dos Bandeirantes, apos reuniao para decisao de uniformizar a postura do partido nas proximas semanas em relacao a crise politica. (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress, PODER). ***EXCLUSIVO***
    O senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo

    O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes mandou novamente para a Procuradoria-Geral da República o segundo pedido de abertura de inquérito feito ao tribunal para investigar o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

    Mendes tomou a decisão a partir de explicações apresentadas pela defesa do senador e antes de avaliar se autoriza ou não a apuração requerida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

    A Procuradoria quer avaliar a suspeita de maquiagem de dados do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro e também tem como alvos o prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB) e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

    Agora, Janot vai decidir se mantém o pedido de abertura de inquérito e as diligências solicitadas.

    Segundo os advogados, não há elementos que justifiquem a abertura de uma apuração.

    Mendes já pediu que Janot reavalie um pedido de investigação sobre o tucano. Depois de abrir inquérito para apurar o suposto pagamento de propina de Furnas para Aécio, Gilmar suspendeu as diligências e requereu que a PGR confirmasse a necessidade de investigar o caso. O senador nega envolvimento com as duas irregularidades.

    Os pedidos de inquérito surgiram a partir da delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), mas o ministro Teori Zavascki entendeu que não há relação direta com o esquema de corrupção da Petrobras e, por isso, repassou os casos para Mendes.

    Em sua delação sobre o mensalão mineiro, Delcídio afirmou que Paes, à época secretário-geral do PSDB, foi um dos emissários de Aécio na maquiagem dos dados do Banco Rural.

    Os dados do banco seriam enviados à CPI dos Correios, que investigava o mensalão e na qual Delcídio foi presidente. "Ficou sabendo que os dados eram maquiados porque isso lhe fora relatado por Eduardo Paes e o próprio Aécio Neves", disse o ex-senador, em depoimento à Procuradoria Geral da República.

    Sobre o caso de Furnas, Mendes suspendeu a coleta de provas e decidiu pedir que a Procuradoria-Geral da República reavalie o pedido de investigação. A decisão do ministro ocorreu após uma manifestação da defesa do senador alegando que não há elementos novos sobre o episódio que justifiquem a abertura do inquérito.

    Ao STF, a defesa do senador disse ainda que "o Tribunal de Contas da União realizou auditoria nos contratos de terceirização da companhia, não tendo constatado indícios de desvio" e afirmou que tinha por função institucional manter contato com a diretoria de Furnas, sem que isso representasse conduta ilícita.

    OUTRO LADO

    Em nota, a assessoria de Aécio Neves afirmou que sobre a informação "divulgada de que o então governador de Minas Aécio Neves teria agido para 'maquiar dados do Banco Rural', informamos que a reunião mencionada por Delcídio, em Belo Horizonte, em que o assunto teria sido tratado, ocorreu em 7 de junho de 2006. Ou seja, dois meses depois de encerrados os trabalhos da CPMI dos Correios, que tratou do mensalão do PT, o que demonstra a impossibilidade de que esse assunto possa ter sido tratado."

    Aécio informou que as menções ao caso do Banco Rural são "improcedentes, caluniosas e sem qualquer tipo de comprovação na realidade".

    Aécio disse que uma certidão fornecida pela Secretaria Geral da Mesa do Senado comprova que não existe requerimento que solicite aumento de prazo para apresentação de informações pelo Banco Rural. Sustentou ainda que o relatório final "foi feito com base em dados fornecidos também pelo Banco Central", e não apenas do Banco Rural.

    O tucano, em nota, tem reforçado que tem "convicção de que as investigações deixarão clara a falsidade das citações feitas".

    O senador afirmou considerar "natural e necessário que as investigações sejam feitas, pois irão demonstrar, como já ocorreu outras vezes, a correção da sua conduta".

    Em nota, o prefeito Eduardo Paes informou que "está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos sobre o episódio".

    A nota diz que "em nenhum momento o então governador Aécio Neves solicitou qualquer tipo de benefício nas investigações da CPI dos Correios. O prefeito reafirma que, como deputado, teve muito orgulho em ter sido sub-relator geral da CPI dos Correios que desvendou o esquema do mensalão".

    Já o deputado Carlos Sampaio divulgou nota afirmando que foi à PGR nesta quarta-feira (4) apresentar esclarecimentos e documentações sobre o assunto.

    O deputado disse que a PGR, diante dos esclarecimentos, pediu que o Supremo devolvesse o procedimento de investigação antes da instauração do inquérito para uma nova análise. Procurada, porém, a PGR negou a informação e disse que as informações serão analisadas, mas não houve nenhum pedido de devolução do pedido de inquérito.

    Sampaio disse esperar que a acusação de Delcídio não foi feita por vingança e que "a maior demonstração" de sua isenção foi que pediu indiciamento, por eventual prática de crime eleitoral, do presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo.

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