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    novo governo

    Contra mudanças na CGU, servidores fazem ato e cogitam criar lista tríplice

    PAULA REVERBEL
    DE SÃO PAULO
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    01/06/2016 16h27 - Atualizado às 08h09 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Após organizar caravana de 26 Estados até Brasília, servidores da antiga CGU (Controladoria Geral da União) marcham nesta quarta-feira (1º) para o Palácio do Planalto em protesto contra o rebaixamento do órgão.

    O presidente interino Michel Temer desvinculou a controladoria da Presidência da República e mudou seu nome para Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle. Os servidores alegam que, com a mudança, eles deixaram de ter ascendência sobre os demais ministérios e, por isso, perderam força de fiscalização.

    De acordo com a analista de finanças e controle da CGU Anjuli Tostes, uma das organizadoras dos protestos, a categoria realizará nesta quinta uma assembleia que poderá optar por elaborar uma lista tríplice a ser apresentada a Temer, para que ele escolha o novo chefe do órgão.

    Pedro Ladeira - 30.mai.2016/Folhapress
    Protesto de servidores da antiga CGU na segunda-feira (30)
    Protesto de servidores da antiga CGU na segunda-feira (30)

    Anjuli explica que a ideia da lista já era discutida pela categoria antes que o presidente interino escolhesse o advogado Torquato Jardim, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para o comando do Ministério da Transparência.

    A analista critica a escolha de nomes com o aval do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo de múltiplos inquéritos da Operação Lava Jato que tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal).

    "A nomeação de um ministro apaniguado de Renan Calheiros [Fabiano Silveira, que já deixou o cargo] é sinal muito ruim, muito ruim do que está por trás desse plano, desse projeto de enfraquecimento de um órgão de controle", disse.

    Na segunda, Fabiano Silveira, que ocupou brevemente a pasta, foi o segundo ministro de Temer a cair do cargo após a divulgação de gravações em que ele aparece criticando a Lava Jato.

    Os servidores da antiga CGU estão se mobilizando contra as mudanças no órgão desde antes da queda de Silveira e decidiram que vão manter os protestos mesmo com a nomeação de Torquato Jardim.

    Além da marcha ao Palácio do Planalto, realizam também um "arraiá da resistência" em frente à sede do órgão. As manifestações são capitaneadas pelo Unacon Sindical (Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle).

    "Nossa mobilização havia começado antes dos áudios do Fabiano Silveira [já ex-ministro da pasta, gravado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado] e vai continuar até ser revista a MP 726 [que criou o novo ministério e extinguiu a CGU]", afirmou o presidente do Unacon Sindical, Rudnei Marques.

    "[A alteração] enfraquece o órgão porque nós precisamos ter autoridade para fiscalizar. A nossa vinculação à Presidência da República nos dá uma condição de ascendência com relação aos outros auditados, aos demais ministérios. Isso está de acordo com o princípio internacional de controle interno, que diz que o órgão deve estar vinculado ao dirigente máximo e acima dos demais órgãos dos demais departamentos fiscalizados", explicou Anjuli.

    "Isso [o rebaixamento] nos enfraquece, nos retira autoridade, nos retira a força e nós não queremos ter o nosso trabalho de combate à corrupção, de fiscalização e de transparência enfraquecido", concluiu.

    O sindicato se considera fortalecido depois da queda de Fabiano Silveira e já há até a ameaça de entrega de cargos comissionados.

    Rudnei afirmou que a categoria ainda não tem uma opinião formada sobre o novo ministro, Torquato Jardim, mas que sua nomeação não muda nada na mobilização.

    Servidores disseram à Folha, sob anonimato, que o nome de Torquato foi visto inicialmente com mais credibilidade do que o ministro anterior, Fabiano Silveira.

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