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    novo governo

    Ministro via Lava Jato com ceticismo e partidos como 'central de negócios'

    DE BRASÍLIA

    03/06/2016 18h53

    Alan Marques/Folhapress
    Temer dá posse ao jurista Torquato Jardim como novo ministro da Transparência, em cerimônia no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira
    Temer dá posse ao jurista Torquato Jardim como novo ministro da Transparência

    O novo ministro da Transparência, Controle e Fiscalização, Torquato Jardim, avaliou que atualmente os partidos políticos no país são "uma central de negócios" e reagiu com ceticismo à possibilidade da Operação Lava Jato trazer mudanças à cultura da corrupção no país.

    Em entrevista ao jornal "Diário do Povo do Piauí", concedida no final do mês passado e antes de ser convidado para assumir um cargo na Esplanada dos Ministérios, o ministro avaliou que não há mais ideologia partidária e que se formou no Congresso Nacional um centrão "para fazer pressão ao governo para conseguir mais cargos".

    "Partido político hoje é uma central de negócios. Todos têm o mesmo programa. Todos têm o mesmo propósito. Todos querem a mesma coisa, varia o mecanismo de um ou de outro. E outros nem mecanismo têm", disse.

    As declarações do ministro foram confirmadas pela assessoria de imprensa do Ministério da Transparência, Controle e Fiscalização.

    Sobre a Operação Lava Jato, o ministro lembrou que, mesmo após o impeachment de Fernando Collor e após as condenações do mensalão, continuaram a acontecer escândalos de corrupção.

    "O que mudou com o impeachment de Fernando Collor? O que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento quando os sete anões foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Operação Lava Jato?", questionou.

    Na entrevista, ele disse ser contra a reeleição para cargos do Poder Executivo e disse ela é um dispositivo que é sinônimo de corrupção.

    "A reeleição no Brasil é sinônimo de corrupção. Foi um momento triste da história do Brasil. O projeto era para a reeleição apenas do presidente Fernando Henrique Cardoso. Não houve maioria no Congresso Nacional, então se estendeu para governadores e prefeitos", disse.

    DISCORDÂNCIA

    Escolhido por Michel Temer na noite de terça-feira (31), o novo ministro também discorda de um dos argumentos centrais da defesa do presidente interino no processo de cassação da chapa presidencial que tramita na Justiça Eleitoral.

    Em artigo publicado em julho no site de seu escritório de advocacia, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entre 1988 a 1996 defende que caso a presidente afastada Dilma Rousseff tenha seu diploma cassado, o do presidente interino também deverá ser desconstituído, uma vez que, segundo ele, "a eleição do vice-presidente é mera decorrência da eleição do titular".

    Em linha oposta a de Jardim, o presidente interino tenta separar na Justiça Eleitoral sua conduta da de Dilma para evitar que uma condenação leve à cassação do mandato de ambos. Em representação protocolada em abril, ele afirma que seria cassado por "arrastamento", "sem ter praticado qualquer das condutas" denunciada pelos autores da denúncia.

    No artigo, o novo ministro também se posiciona favorável à utilização no processo de "prova emprestada", incluindo as referentes à Operação Lava Jato. Em manifestação à Justiça Eleitoral, o peemedebista, contudo, já saiu em defesa das contribuições recebidas pela campanha à reeleição e afirmou que não se pode demonizar doações eleitorais.

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    Veja frases de Torquato Jardim na entrevista

    "Já se formou um novo centrão no Congresso Nacional com quase 20 partidos e 330 deputados para fazer pressão ao presidente Michel Temer para conseguir mais cargos. E isso que é partido político no Brasil. Um balcão de negócios"
    Sobre o 'novo centrão'

    "O que mudou com o impeachment de Fernando Collor? O que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento quando os sete anões foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Operação Lava Jato?"
    Sobre a Lava Jato

    "Nós vivemos um país em crise. Não sei qual a esperança que temos. O Brasil vive da ração e não da razão. Qualquer programinha social onde se distribua bônus disso, bônus daquilo, se ganha a eleição"
    Sobre a crise

    "Política é dinheiro, inequivocamente. Ninguém ganha mandato no charme da fisionomia ou da voz. Se fosse assim, o cantor Cauby Peixoto teria ganho todas as eleições que quisesse no Rio de Janeiro"
    Sobre eleições

    "A reeleição no Brasil é sinônimo de corrupção. Foi um momento triste da história do Brasil. O projeto era para a reeleição apenas do presidente Fernando Henrique Cardoso. Não houve maioria no Congresso Nacional, então se estendeu para governadores e prefeitos"
    Sobre o instituto da reeleição

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