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    Conselho desmarca sessão de quarta que analisaria cassação de Cunha

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    07/06/2016 21h05 - Atualizado às 22h27

    Alan Marques/Folhapress
    Brasilia,DF,Brasil 07.06.2016 O relator dep. Marcos Rogerio (DEM-RO), e o Presidente do conselho de Etica,jose Carlos Araujo participam da sessao de votacao do relatorio que pede cassacao do deputado Eduardo Cunha. Foto: Alan Marques/Folhapress cod 0619
    O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA, à esq.), em reunião do colegiado

    Com receio de que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tenha reunido os votos suficientes para enterrar o seu processo de cassação, a cúpula do Conselho de Ética da Casa desmarcou a sessão que analisaria nesta quarta-feira (8) o relatório que defende a perda do mandato do peemedebista.

    A votação foi marcada para a próxima terça-feira (14).

    O adiamento, pelo segundo do dia, tem como motivação principal a suspeita de que o PRB do deputado Celso Russomanno (SP) tenha fechado um acordo com Cunha e com o governo Michel Temer para derrotar o relatório de Marcos Rogério (DEM-RO).

    O acordo envolveria a deputada Tia Eron (BA), que é considerada dona do voto decisivo no conselho para cassar Cunha ou para livrá-lo da punição.

    Nesta terça (7), ela não compareceu à sessão do conselho. Com isso, os adversários de Cunha, que compõem a cúpula do órgão, adiaram a votação para a quarta, em uma manobra para evitar a derrota. Poucas horas depois, anunciaram o canelamento também dessa segunda sessão.

    A decisão foi anunciada pelo presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), adversário de Cunha.

    Em nota divulgada à noite, Cunha voltou a acusar o presidente do Conselho de Ética de agir de forma "espúria" na tentativa de cassar o seu mandato.

    "Em mais uma manobra espúria do presidente do Conselho de Ética, foi cancelada a reunião desta quarta-feira, 08/06, sem qualquer razão, visando a postergar a decisão sobre o meu processo", escreveu.

    "Inúmeras vezes o presidente do conselho me acusou de protelação, inclusive com representação ao Ministério Público Federal, citando adiamentos das sessões. Agora, ficou claro que estas manobras são de autoria do próprio presidente, que age para manter o processo indefinido e assim continuar na mídia. Além de buscar ter o resultado que almeja", finaliza o presidente da Câmara afastado.

    DECISÃO

    A Folha apurou que a decisão foi tomada logo após o deputado Giacobo (PR-PR), que preside na prática os trabalhos do plenário da Câmara, anunciar que não haveria outras votações nesta quarta à tarde para permitir que o conselho decidisse livremente o caso de Cunha.

    Durante vários meses, aliados do peemedebista agiram exatamente na linha oposta –a de tentar obstruir os trabalhos do conselho. A mudança de posição foi traduzida pelos adversários do peemedebista como a certeza de que ele e seus aliados já têm assegurado o voto de Eron e a vitória.

    Eles pretendem aprovar uma punição mais branda a Cunha, apenas a suspensão por três meses de seu mandato. Eles acusam Araújo de manobrar para tentar prejudicar o peemedebista.

    O argumento oficial apresentado por Araújo foi o de que nesta quarta estão previstas votações de outros projetos no plenário da Câmara, além de o relator precisar de mais tempo para analisar o voto paralelo de aliados de Cunha, que defende a punição mais branda.

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