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    PR manobra para ajudar a salvar Cunha na CCJ

    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    08/06/2016 13h47

    Em uma manobra para ajudar a salvar o mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o PR substituiu dois integrantes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para garantir um posicionamento favorável ao peemedebista.

    A comissão é importante porque nela está sendo analisada uma consulta, relatada pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), que vai definir se o plenário da Câmara pode votar o pedido de cassação de Cunha mesmo se o Conselho de Ética aprovar somente uma suspensão de três meses contra ele. Lira defende que o plenário só pode votar a punição que for aprovada no conselho, sem mudar para uma punição mais grave.

    O PR colocou como suplentes da CCJ os deputados Jorginho Mello (SC) e Paulo Freire (SP), substituindo-os pelos deputados Laerte Bessa (DF) e Wellington Roberto (PB), ambos integrantes da tropa de choque de Cunha no Conselho de Ética.

    A mudança provocou protestos na CCJ, inclusive do próprio Jorginho. "Só quero lamentar a minha substituição como titular dessa comissão, que foi feita sem eu saber, fiquei sabendo hoje. Deve ser porque penso contrariamente ao deputado Lira, então meu partido me sacou da comissão. Então quero lamentar isso aqui".

    As críticas à manobra uniram a deputada Maria do Rosário (PT-RS) ao deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que concordaram sobre o assunto. Aleluia disse que a Câmara "está sendo aviltada". "Estamos assistindo um espetáculo de troca de membros para aprovar uma consulta que tem um único objetivo: impedir que o plenário se manifeste. Nunca vi uma consulta da mesa da Casa para impedir que o plenário se manifeste", afirmou o deputado.

    Caso a consulta seja aprovada na CCJ e o Conselho de Ética aprove uma punição mais branda a Cunha, isso vai garantir que o plenário vai apreciar somente a punição branda, sem possibilidade de reverter o entendimento do conselho e cassar Cunha.

    O peemedebista é alvo de processo de cassação sob acusação de ter mentido aos pares ao negar ter contas no exterior, já que o Ministério Público da Suíça detectou quatro contas ligadas a ele e à família. A defesa do deputado argumenta que as contas estão em nome de trusts, entidades usadas para administrar patrimônio de terceiros, e por isso não são dele.

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