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    Temer manda acelerar demissões de petistas do segundo e do terceiro escalão

    MARINA DIAS
    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    08/06/2016 18h05 - Atualizado às 19h49

    O presidente interino, Michel Temer, ordenou acelerar as demissões de servidores ligados ao PT que ainda ocupam cargos no segundo e terceiro escalão do governo.

    Segundo a Folha apurou, a equipe do presidente interino pediu um levantamento do número de postos que ainda abrigam indicações consideradas políticas e orientou que os quadros petistas sejam substituídos o mais rápido possível.

    Nas palavras de um auxiliar de Temer, os funcionários ligados ao partido da presidente afastada Dilma Rousseff que ainda permanecem em secretarias e diretorias "estão atrapalhando o andamento da gestão". "O clima é de guerra", sentenciou o assessor.

    O discurso oficial é que as indicações políticas serão trocadas, preferencialmente, por nomes de perfil técnico, mas sabe-se que os cargos de segundo e terceiro escalão são um flanco muito cobiçado por partidos aliados, que desejam ocupar os postos para garantir mais espaço no governo.

    GABINETE DE DILMA

    Além de apressar a saída dos petistas que ainda estão em cargos-chave de sua gestão, Temer pretende revisar e cortar o número de postos que Dilma levou para trabalhar com ela no Palácio da Alvorada.

    Antes de ser afastada do cargo, em 12 de maio, a petista deu sinais de que pretendia manter uma equipe de 12 a 15 assessores para auxiliá-la. Segundo levantamento da equipe de Temer, porém, Dilma acabou recrutando 36 cargos, sendo 31 do gabinete da Presidência e cinco ajudantes de ordem.

    Surgiu então um problema. Temer acabou sem espaço para nomear seus assessores. Pior: Dilma levou os maiores salários e os melhores postos. Dos 31 cargos da Presidência, 16 estão no topo da remuneração.

    Irritado, o presidente interino determinou que a Casa Civil fizesse um "estudo jurídico" para verificar se Dilma realmente precisava de todos esses auxiliares e, de acordo com a assessoria da petista, só na semana passada duas pessoas foram exoneradas e a expectativa é que novos nomes sejam cortados em breve.

    Segundo auxiliares de Dilma, porém, a Presidência da República dispõe de 120 cargos e, portanto, Temer teria ainda 89 postos livres para nomeação. Além disso, dizem os petistas, o presidente interino pode fazer uso dos 40 cargos da vice-presidência que ainda estão à sua disposição.

    A equipe de Dilma reclama das restrições do governo Temer e diz que o Planalto se recusa a pagar despesas de assessores que acompanham a presidente afastada em viagens pelo país. Da última vez que Dilma esteve em Porto Alegre, por exemplo, auxiliares precisaram pagar a hospedagem do próprio bolso.

    O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) acionou o Ministério do Planejamento para tentar encontrar uma saída para o problema.

    Na semana passada, a Casa Civil divulgou parecer em que permite Dilma utilizar aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) somente quando viajar de Brasília a Porto Alegre, onde vivem seus familiares.

    O advogado da petista, José Eduardo Cardozo, reagiu e protocolou nesta terça (7) ofícios no Planalto, no Senado e no STF (Supremo Tribunal Federal) para dizer que os cortes "constrangem" a defesa de Dilma. Segundo o documento, Dilma passaria a viajar de avião comercial ou via terrestre e sua segurança, nestes casos, seria de total responsabilidade de Temer.

    Para cumprir agenda em Campinas (SP) nesta quinta-feira (9), porém, Dilma recuou e decidiu alugar um jato para fazer o deslocamento. Os custos serão pagos pelo PT e a justificava oficial foi exatamente a "questão de segurança".

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