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    Lava Jato

    Lobista diz que deu US$ 4,5 milhões para caixa dois de Dilma em 2014

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    08/06/2016 20h14 - Atualizado às 22h42

    Heuler Andrey - 23.fev.16/Folhapress
    CURITIBA,PR, BRASIL, 23.02.2016 - CHEGADA DE JOAO SANTANA NO PR: Zwi Skornicki e Vinícius Veiga Borin - Presos na 23 fase da Operacao Lava-Jato denominada de Acaraje deixam a sede no IML em Curitiba-PR onde realizou exame do corpo de delito. Foto: Heuler Andrey/FolhaPress PODER ***Exclusivo***
    Zwi Skornicki deixa IML após ter sido preso pela Lava Jato

    O lobista Zwi Skornicki, preso em fevereiro pela Operação Lava Jato sob acusação de pagar propina em contratos da Petrobras, disse nas negociações para fechar um acordo de delação com procuradores da Lava Jato que os US$ 4,5 milhões pagos a João Santana eram recursos para o caixa dois da campanha de Dilma Rousseff em 2014.

    A informação foi antecipada pelo jornal "O Globo" e confirmada pela Folha.

    Skornicki contou aos procuradores que a contribuição foi acertada com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que está preso em Curitiba e já foi condenado a 24 anos de prisão.

    Santana comandou o marketing do PT nas duas campanhas de Dilma (2010 e 2014) e na reeleição de Lula em 2006.

    Pela campanha de 2014, ele recebeu R$ 78 milhões. De todas as campanhas petistas que fez entre 2002 e 2014, a sua empresa faturou R$ 229 milhões.

    Os US$ 4,5 milhões repassados pelo lobista, que correspondem atualmente a R$ 15,2 milhões, foram depositados numa conta mantida por Santana num banco suíço e o valor não foi declarado à Justiça eleitoral pela campanha de Dilma.

    A conta de Santana no banco Heritage também não havia sido declarada à Receita Federal.

    A presidente afastada nega que tenha recebido recursos ilícitos na campanha da reeleição e acusa a imprensa de caluniá-la com base em "ilações e suposições".

    NEGOCIAÇÃO

    O acordo de Skornicki com os procuradores da Lava Jato está em estágio avançado, mas ainda não foi fechado oficialmente, segundo a Folha apurou.

    A descoberta do repasse do lobista a Santana foi feito pela força-tarefa da Lava Jato a partir de análises em dados bancários enviados pelas autoridades suíças ao Brasil. Skornicki fez nove transferências de US$ 500 mil para a conta do marqueteiro do PT.

    O dinheiro passou por uma agência do Citibank em Nova York e depois foi transferido para a Suíça. O marqueteiro deve ser processado também nos Estados Unidos pelo fato de recursos ilegais terem transitado por bancos de lá.

    Santana recebeu também US$ 3 milhões da Odebrecht na Suíça.

    Skornicki é um dos lobistas mais antigos que atuava na Petrobras. Ele representava os interesses de um grupo de Cingapura, chamado Keppel Fells.

    Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que fechou um acordo de delação em 2014, diz que Skornicki pagou cerca de US$ 40 milhões em propinas para fechar contratos com a estatal entre 2002 e 2014 para fornecer plataformas de petróleo.

    OUTRO LADO

    A assessoria da presidente Dilma Rousseff diz em nota que "são mentirosas e levianas as acusações lançadas, mais uma vez com base em delações vazadas seletivamente".

    Segundo a nota, "a presidente Dilma Rousseff rechaça a insinuação de que teria conhecimento de um suposto pedido de US$ 4,5 milhões feito pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ao representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, Zwi Skornicki, para a campanha da reeleição", em 2014.

    Para Dilma, só o tesoureiro da campanha, Edinho Silva, tratava de contribuições.

    De acordo com a presidente afastada, a imprensa busca caluniá-la com base em "ilações e suposições".

    O advogado de defesa do marqueteiro do PT, Fabio Tofic Simantob, refuta que o recurso recebido no exterior seja propina, corrupção ou lavagem de dinheiro. Segundo ele, como Santana prestou os serviços pelos quais foi contrato, a infração que ocorreu foi de caixa dois, já que os US$ 7,5 milhões não foram declarados à Receita.

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