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    Dilma defende consulta popular para 'lavar lambança' do governo Temer

    DE SÃO PAULO

    10/06/2016 01h27

    Luciano Claudino/Código19/Folhapress
    A presidenta afastada Dilma Rousseff em visita ao Projeto Sirios (acelerador de partículas para fins de pesquisas tecnológicas) situado em Campinas (SP), nesta manha de quinta-feira (09).
    A presidente afastada Dilma Rousseff durante visita à Unicamp nesta quinta (9)

    A presidente afastada Dilma Rousseff defendeu nesta quinta-feira (9) uma consulta popular como alternativa ao governo do presidente interino Michel Temer. "A consulta popular é o único meio de lavar e enxaguar essa lambança que está sendo o governo Temer", afirmou em entrevista à TV Brasil em parceria com a Rede Minas.

    Segundo Dilma, o processo de impeachment "rompeu um pacto que vinha desde a Constituição de 1988" e, para retomá-lo, é necessário "um processo em que a população vai ter, querendo ou não, que ser consultada".

    Segundo a Folha apurou, a presidente afastada já havia sinalizado, na quarta (8), a senadores e aliados que aceitaria propor um plebiscito para definir a convocação de novas eleições presidenciais, caso seja reconduzida ao cargo.

    "Dado o nível de contradição que tem hoje entre os diferentes atores neste país, é necessário que se recorra à população", afirmou Dilma ao ser questionada sobre como seria o futuro caso o impeachment seja barrado no Senado.

    Para a presidente afastada, a vitória no Senado é condição necessária para retomada do pacto. "Eu não acho possível refazer pacto nenhum com o governo Temer em exercício", disse.

    Questionada sobre a possibilidade de um plebiscito caso volte ao exercício da Presidência, Dilma defendeu a proposta. "Eu acho que pode ser um plebiscito de alguma forma. Eu não vou aqui dar o menu total, mas essa é uma coisa que está sendo muito discutida."

    Segundo pessoas próximas a petista, ela mostrou-se disposta a defender um plebiscito para convocar novas eleições se a proposta for abraçada pelos movimentos de esquerda.

    A disposição de Dilma em deixar o cargo deve ser usada para convencer senadores a votar contra o impeachment.

    Na entrevista, a petista criticou ainda outras sugestões para solucionar a crise política, como o semiparlamentarismo e eleições indiretas. "O governo interino muda toda a estrutura e não tem legitimidade para fazer essa mudança. Toma atitudes como se tivesse sido eleito", afirmou Dilma.

    CUNHA E TEMER

    Dilma disse ainda que o governo Temer "é a síntese do que pensa [o presidente afastado da Câmara Eduardo] Cunha e expressa a pauta de Cunha".

    Segundo ela, desde o fim do seu primeiro mandato, os partidos de centro se deslocaram para a direita. "Eduardo Cunha leva o centro para a direita [...] Esse processo culmina com a eleição dele [para a presidência da Câmara]", afirmou.

    "Ele [Cunha] tem pauta própria. O centro passa a ter pauta própria e fica difícil a relação", completou.

    ENTREVISTA

    A entrevista com Dilma, conduzida pelo jornalista Luis Nassif, foi exibida após o retorno de Ricardo Melo ao cargo de diretor-presidente da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).

    Melo havia sido nomeado por Dilma e uma decisão liminar (provisória) no Supremo Tribunal Federal garantiu sua volta ao cargo após ter sido exonerado por Temer.

    Segundo a Folha apurou, a entrevista havia sido marcada por Nassif, cujo programa na TV Brasil foi suspenso pelo novo governo, antes das mudanças na televisão estatal.

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