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    Operador ligado a tucano é acusado de fraude em Minas Gerais

    FLÁVIO FERREIRA
    WÁLTER NUNES
    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    12/06/2016 02h18

    José Marques - 30.mai.2016/Folhapress
    Nárcio Rodrigues, ex-secretário do governo Antônio Anastasia, é levado para cumprir prisão temporária
    Nárcio Rodrigues, ex-secretário do governo Antônio Anastasia, é levado para cumprir prisão temporária

    Operador ligado ao ex-presidente do PSDB de Minas Gerais Nárcio Rodrigues, Odo Adão Filho intermediou a compra de equipamentos para o centro de pesquisas Cidade das Águas, em Frutal (MG), na qual foram constatados desvio, fraude e superfaturamento em 2014.

    Na época da aquisição, Nárcio era secretário de Ciência e Tecnologia do então governador Antonio Anastasia (PSDB), além de aliado próximo do atual senador Aécio Neves (PSDB).

    Tanto Nárcio quanto Odo foram presos na Operação Aequalis, deflagrada pelo Ministério Público mineiro. Eles se aproximaram por meio do pai de Odo, que foi prefeito Uberaba pelo PSDB, em 2004.

    No partido, Odo é conhecido como o responsável pelos negócios do ex-deputado, além de lobista em países africanos por ser vice-cônsul do Senegal há 15 anos.

    Um e-mail obtido pela Controladoria-Geral de Minas durante a auditoria realizada na Cidade das Águas indica que as supostas irregularidades beneficiaram uma empresa do grupo Yser, um dos maiores de Portugal, que firmou parceria com a administração de Anastasia em 2012 para fazer investimentos no Estado.

    A mensagem, de outubro de 2014, refere-se à compra de aparelhos para um laboratório do centro de pesquisas. Nela, o presidente da Fundação de Apoio à Universidade Federal de São João del-Rei (FAUF), entidade gestora do projeto do laboratório, Jucélio Sales, relata uma reunião com Odo, que se mostrou envolvido na aquisição de aparelhos.

    No e-mail fica claro que a compra dos equipamentos deveria ser realizada via licitação, em razão dos valores envolvidos, mas Odo achava que poderia fazer a aquisição baseada em três orçamentos.

    A Controladoria pediu esclarecimentos a Sales sobre a mensagem e recebeu como resposta a afirmação de que na reunião "Odo deixou parecer que os equipamentos seriam importados diretamente das empresas fabricantes dos equipamentos e com um processo simplificado de aquisição".

    Nárcio e Odo admitem que são amigos, mas negam terem ligações em negócios ou relações partidárias. Odo disse que foi filiado ao PSDB até cerca de dois anos atrás.

    A acusação é que a compra para o laboratório do Complexo das Águas, feita com com dinheiro público, teria sido montada de maneira que uma empresa da Yser, a Biotev, fosse a executora do projeto e depois a organizadora da cotação de preços que teve como vencedora outra companhia do grupo português, a SRN Comercial Importadora e Exportadora S/A.

    Na época, a SRN tinha como diretores os portugueses Firmino Rocha, que em acordo de delação premiada afirmou que Nárcio foi beneficiário de propina e que parte do suborno foi usado no financiamento de campanha eleitoral em 2014.

    Uma empresa que pertencia a Odo, a Brastrading, foi uma das três participantes da cotação de preços, o que para a controladoria reforçou a suspeita de fraude na contratação, que acabou sendo feita sem licitação.

    OUTRO LADO

    Odo Adão e Nárcio Rodrigues negam irregularidades.

    Odo reconheceu ter feito reunião com Jucélio Sales sobre a aquisição dos aparelhos, mas disse que apenas sugeriu a utilização de uma "trading" para agilizar a aquisição. Quanto à cotação de preços dos equipamentos, disse que à época tinha uma empresa e participou regularmente da disputa.

    Nárcio diz que a criação do laboratório envolveu uma parceria público-privada, e o Yser, por meio da Biotev, pretendia investir R$ 60 milhões no projeto. O grupo Yser e Bernardo Maia não responderam aos contatos da Folha.

    Água Turva

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