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    Dilma planeja ida ao Nordeste para apontar 'retrocessos' de Temer

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    12/06/2016 02h18

    Jorge Araujo - 9.jun.2016/Folhapress
    A presidente afastada, Dilma Rousseff, em visita a Campinas (SP) na última quinta (9)
    A presidente afastada, Dilma Rousseff, em visita a Campinas (SP) na última quinta (9)

    Um mês após seu afastamento da Presidência da República, Dilma Rousseff decidiu viajar ao Nordeste, reduto eleitoral do PT, para replicar o discurso de que o governo interino de Michel Temer é "ilegítimo" e "quer impor retrocessos à população".

    A previsão é que Dilma faça uma fala na Assembleia Legislativa de João Pessoa (PB), na quarta-feira (15), siga a Salvador (BA), na quinta (16), e termine o roteiro na sexta (17), em Recife (PE).

    Durante suas aparições públicas, a petista deve reforçar a tese de que Temer quer "rasgar a CLT" com a reforma da Previdência e "reduzir programas sociais, principalmente o Bolsa Família", com os cortes no Orçamento.
    O presidente interino, por sua vez, tem dito que não vai cortar direitos adquiridos dos trabalhadores nem mesmo reduzir os programas sociais.

    Segundo a Folha apurou, a ideia era que Dilma fizesse um contraponto frontal a Temer, que também viajaria ao nordeste no início desta semana. A previsão era de que o peemedebista visitasse os Estados de Alagoas e Pernambuco na terça (14), mas ele cancelou as agendas.

    Oficialmente, a equipe de Temer diz que ainda estuda as medidas que seriam anunciadas e que o presidente interino vai pessoalmente esta semana levar ao Congresso a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para limitar o aumento do gasto público à variação da inflação.

    Desde que foi afastada do cargo, em 12 de maio, Dilma tem intensificado suas interações nas redes sociais e concedido diversas entrevistas para a imprensa nacional e estrangeira, sempre dizendo que é "vítima de um golpe" e que Temer "não tem legitimidade" para governar.

    CLIMA DE GUERRA

    Auxiliares do presidente interino e da presidente afastada usaram, em relatos feitos à Folha, a mesma expressão para definir o estado de espírito de ambos no último mês: "o clima é de guerra".

    Dilma tem escalado alguns de seus ex-ministros e aliados para rebater praticamente todas as medidas anunciadas por Temer, enquanto o peemedebista tem se irritado com os pedidos da petista.

    Na semana passada, por exemplo, a Casa Civil restringiu o acesso de Dilma a aviões da FAB (Força Aérea Brasileira). A presidente afastada poderá usar aeronaves oficiais apenas quando se deslocar de Brasília a Porto Alegre, onde vivem seus familiares.

    Temer pretende revisar e cortar o número de postos que Dilma levou para trabalhar com ela no Palácio da Alvorada -hoje a petista conta com 31 cargos do gabinete da Presidência e cinco ajudantes de ordem. O presidente interino se recusa ainda a pagar despesas de assessores durante as viagens dela.

    Segundo auxiliares de Dilma, como são funcionários da Presidência, o Planalto deveria arcar com os custos e, além disso, argumentam, Temer tem 120 cargos à disposição mais os 40 da vice-presidência e, portanto, não precisaria reivindicar os 36 que estão com a petista.

    Na quinta-feira (9), Dilma viajou a São Paulo em um jatinho fretado pelo PT. A viagem ao nordeste também deve ser feita em um jato custeado pelo partido.

    Advogado de Dilma e ex-ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), José Eduardo Cardozo protocolou ofícios no Palácio do Planalto, no Senado e no STF (Supremo Tribunal Federal) para dizer que esse tipo de restrição "constrange a defesa" da presidente afastada e precisa ser revisto pelos chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário.

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