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    o impeachment

    Dilma busca consenso para plebiscito e promete 'transição à esquerda'

    MARINA DIAS
    DANIELA LIMA
    DE BRASÍLIA

    14/06/2016 16h30

    Ueslei Marcelino/Reuters
    Suspended Brazilian President Dilma Rousseff gestures during the launching ceremony of the book "Resistance to the 2016 Coup," written by professors from the University of Brasilia, in Brasilia, Brazil, May 30, 2016. REUTERS/Ueslei Marcelino ORG XMIT: BSB02
    A presidente afastada Dilma Rousseff

    A presidente afastada, Dilma Rousseff, recebeu nesta terça (14) no Palácio da Alvorada senadores, presidentes de partidos políticos e integrantes de movimentos sociais para tentar buscar um consenso sobre o plebiscito para a convocação de novas eleições presidenciais.

    Segundo a Folha apurou, Dilma queria afinar o discurso entre parlamentares e líderes da base social do PT, que ainda não chegaram a um acordo sobre o assunto, e se comprometer, caso seja reconduzida ao Planalto, a fazer um "governo de transição" com "acenos à esquerda" e mudanças na política econômica.

    Um novo encontro ficou marcado para a próxima terça-feira (21), também no Alvorada, com a promessa de todos os participantes de "avançar na discussão".

    "Vamos conseguir a unidade em torno de um plebiscito e de uma carta para a transição", disse à Folha o senador Roberto Requião (PMDB-PR).

    O peemedebista tem sido um dos principais articuladores da proposta e promoveu um jantar na semana passada com cerca de 25 senadores para discutir a ideia.

    Dilma tem sinalizado a aliados que aceitaria propor a consulta popular caso voltasse ao cargo, desde que a ideia tivesse apoio dos movimentos sociais e surja como uma "demanda das ruas". A petista escreveria ainda uma carta com uma autocrítica de seu governo e proporia, até a realização das novas eleições, fazer uma "transição" com mudanças na economia que garantissem a geração de emprego e o crescimento do país.

    O descompasso para que o projeto caminhe, porém, está na própria base social do PT. Enquanto o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, apoia a ideia de novas eleições, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de João Pedro Stedile, e a CUT (Central Única dos Trabalhadores), de Vagner Freitas, ainda resistem à proposta.

    Stédile, por exemplo, não compareceu à reunião desta terça no Alvorada. Seu representante foi Alexandre Conceição, da direção nacional do MST. Freitas e Boulos, por sua vez, estavam presentes, além dos presidentes nacionais do PT, Rui Falcão, do PDT, Carlos Lupi, e do PC do B, Luciana Santos.

    DIFICULDADES

    Senadores que estiveram no Alvorada afirmam que, apesar das dificuldades, Stédile e Freitas "têm revisto suas posições" e que Dilma fez uma fala cautelosa nesta terça, para evitar melindres entre os dirigentes sociais.

    A promessa de que terá disposição para deixar a Presidência da República caso seja livrada do impeachment pelo Senado é o principal argumento que aliados da petista têm usado para tentar reverter votos contra sua cassação –ela precisa de 27 votos para voltar ao Planalto e teve 22 na primeira fase do processo na Casa.

    Mesmo com toda a mobilização, pessoas próximas a Dilma afirmam que ainda é "muito difícil" contar com uma mudança de cenário na votação final do impeachment.

    Os principais articuladores da proposta reconhecem que há também um entrave jurídico à viabilidade das novas eleições: além da renúncia de Dilma, seria preciso a renúncia de Temer para fazer a proposta andar.

    No Congresso, inclusive, os aliados do presidente interino dizem que a medida é inconstitucional, porque implica no encurtamento do mandato.

    Do lado de Dilma, seus aliados já trabalham com um cronograma possível para o plebiscito e assumem que "haverá discussão" sobre a questão de Temer. Mas alegam que, caso a pressão venha das ruas, o peemedebista "não terá força política" para impedir que haja novas eleições presidenciais.

    O plebiscito poderia ser convocado para outubro de 2016, junto com as eleições municipais, mas a data de um novo pleito presidencial ainda não é consenso entre os aliados de Dilma.

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