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    Lava Jato

    Há indícios de que o ministro da Educação tenha recebido propina, diz Janot

    MÁRCIO FALCÃO
    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    17/06/2016 20h40 - Atualizado às 20h59

    Pedro Ladeira - 24.mai.2016/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 24-05-2016, 15h00: Cerimônia de posse do novo ministro da cultura Marcelo Calero. O presidente interino Michel Temer, ao lado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Mendonça Filho (Educação) e do ex presidente Jose Sarney, deu posse à Calero após recriar o ministério da cultura, após forte pressão da classe artística por conta do corte do MinC. No palácio do planalto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O ministro da Educação do governo Michel Temer, Mendonça Filho

    O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que "foram encontrados indícios de possível recebimento de propina" pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE).

    Mendonça teria recebido R$ 100 mil em vantagem indevida, disfarçada de doação eleitoral na campanha de 2014. Os elementos teriam surgido do celular de Walmir Pinheiro, ex-diretor financeiro da construtora UTC, uma das empreiteiras investigadas na Lava Jato.

    Também foram encontrados uma folha impressa identificando o partido Democratas e dados bancários de uma conta para doações, além de um manuscrito de R$ 100 mil e do nome do deputado Mendonça Filho e do registro impresso do tesoureiro do partido, Romero Azevedo.

    "Curioso observar que na prestação de contas oficiais da campanha do deputado Mendonça Filho, há o registro de doação de exatos R$ 100 mil pelas empresas Construtora Odebrecht e Queiroz Galvão, cada. Ainda a UTC Engenaria efetuou doação de R$ 100 mil ao Diretório Nacional do DEM no dia 5 de setembro de 2014 e outra quantia de igual valor em 5 de agosto de 2014", escreveu Janot.

    "Assim, por estarmos diante de elementos indiciários de possível pagamento de propina para a campanha do citado parlamentar federal, certa é a competência desse STF para a análise e processamento de eventual investigação criminal a respeito", completou.

    A afirmação de Janot foi feita ao STF em manifestação no dia 26 de janeiro. O documento era sigiloso e se tornou público nesta sexta (17). Não há detalhes sobre o desdobramento do caso, se foi aberto um inquérito.

    Esse é o quarto ministro do governo Temer envolvido em suspeitas de irregularidades a partir dos desdobramentos da Lava Jato. Três deixaram o governo: Henrique Alves (Turismo), Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).

    OUTRO LADO

    Procurada, a assessoria do ministro informou que ele foi "procurado por interlocutores da UTC oferecendo doação legal no valor de R$ 100 mil" e que, na ocasião, ele respondeu que não queria a doação, "mas se a empresa quisesse doar para o partido o fizesse".

    Mendonça diz, via assessoria, que a doação foi feita de forma legal e está registrada na prestação de contas do partido do ano de 2014, junto à Justiça Eleitoral. Ressaltou que sua campanha a deputado federal não recebeu doação da UTC.

    Sobre as demais doações citadas por Janot, a assessoria do ministro informou que "foram feitas de forma legal e estão registradas na Justiça Eleitoral".

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