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    Lava Jato

    Ex-deputado afirma que Dornelles recebeu propina, diz jornal

    DE SÃO PAULO

    18/06/2016 10h53 - Atualizado às 11h21

    Ruy Baron - 4.dez.2014/Valor
    Francisco Dornelles, hoje governador interino do Rio de Janeiro, em foto de 2014
    Francisco Dornelles, hoje governador interino do Rio de Janeiro, em foto de 2014

    O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PE) disse em proposta de delação premiada que o governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP), recebeu, em 2009, R$ 9 milhões do então presidente da empreiteira Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, para silenciar a CPI da Petrobras, segundo informações do jornal "O Estado de S. Paulo".

    De acordo com o jornal, Corrêa disse que tentou confirmar o pagamento da propina com Dornelles, à época senador, mas que ele negou "veementemente" ter recebido dinheiro.

    Corrêa, porém, teria confirmado o pagamento quando estava preso no Complexo Médico de Pinhais, no Paraná, segundo informação do "Estado". Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras, teria afirmado que o pagamento foi feito pela Queiroz Galvão por determinação de sua diretoria.

    Ainda segundo o "Estado", Corrêa, que também é do PP, afirma que o partido "tinha um acerto com a Queiroz Galvão, no valor de R$ 37 milhões de propina, para a construção da Refinaria Abreu Lima".

    Corrêa teria dito que o trato foi confirmado pelo ex-diretor da Queiroz Galvão Othon Zanóide Moraes Filho durante uma conversa com o doleiro Alberto Youssef, também delator na Lava Jato.

    De acordo com o delator, Othon e Ildefonso relataram a Corrêa que haviam entregue R$ 10 milhões ao senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), morto em 2014. Esse dinheiro também teria saído da cota de R$ 37 milhões destinados ao PP por determinação do então diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e teria sido entregue por Fernando Baiano, ambos delatores na Lava Jato.

    Ainda segundo o jornal, Corrêa afirma ter procurado Guerra, que confirmou o pagamento de propina e disse que parte do dinheiro foi repassada aos senadores Álvaro Dias (PV-PR, na época no PSDB) e Aloizio Mercadante (PT-SP).

    As declarações teriam sido feitas na proposta de delação premiada de Corrêa na Lava Jato, que aguarda homologação; o caso é analisado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki.

    Corrêa foi condenado a 20 anos de prisão sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Petrobras. A sentença aponta recebimento de R$ 11,7 milhões em propina. O ex-deputado federal por Pernambuco já havia sido condenado a sete anos de prisão no processo do mensalão.

    AÉCIO

    Pedro Corrêa também teria dito em sua delação, ainda segundo o "Estadão", que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi um dos responsáveis pela indicação do diretor de serviços da Petrobras, Irani Varella, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002).

    Varella seria responsável por obter propinas com empresários "para distribuir a seus padrinhos políticos", segundo Corrêa.

    Além de Aécio, presidente nacional do PSDB, o ex-deputado citou como responsáveis pela indicação Alexandre Santos (então deputado pelo PMDB-RJ) e o deputado federal fluminense Paulo Feijó (então no PMDB, hoje no PR).

    Esta seria a primeira vez que um delator da Lava Jato liga o senador tucano ao suposto esquema de pagamento de propinas na Petrobras.

    OUTRO LADO

    O governador em exercício do Rio, Francisco Dornelles, emitiu uma nota em que disse que "não comenta declarações absurdas e ridículas feitas no âmbito de delação premiada".

    Álvaro Dias, ao "Estadão", chamou o caso de "calúnia" e "vingança".

    Mercadante afirmou que nunca teve relação com Corrêa. Em nota, a assessoria de Mercadante afirmou que "a suposta ilação é o mais completo absurdo" porque é "inimaginável pensar que o então presidente do PSDB, principal partido de oposição ao governo Lula, daria qualquer contribuição ao líder do bloco de apoio ao governo e líder do PT para acabar uma CPI de interesse exclusivo da própria oposição".

    A Queiroz Galvão informou à publicação que "não comenta investigações em andamento". Aécio Neves afirmou que o ex-deputado é desprovido de credibilidade e disse que a delação é "falsa e absurda".

    A Folha não conseguiu contato com os citados até a publicação deste texto.

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