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    Investigação na Caixa está em plena expansão, diz procurador da Lava Jato

    FERNANDA ODILLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

    18/06/2016 12h14

    Zô Guimarães - 17.fev.2016/Folhapress
    RIO DE JANEIRO, RJ - 17.02.2016: Procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol fala sobre corrupcao em Igreja Batista na zona oeste do Rio de Janeiro.(Foto: Zo Guimaraes/Folhapress, PODER)
    Deltan Dallagnol, integrante da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba

    Integrante da força-tarefa que investiga a Operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol afirmou neste sábado (18) em Oxford, na Inglaterra, que o esquema de corrupção identificado na Petrobras não está restrito à estatal.

    Ao mostrar que as apurações avançaram para outros ministérios e empresas do governo federal, o procurador disse que, no caso da Caixa Econômica Federal, a investigação está em "plena expansão".

    "Não existe uma razão sequer para que esse esquema estivesse restrito à Petrobras. Esse esquema funcionava em outros órgãos", declarou o procurador durante o Brazil Forum UK 2016, evento organizado por estudantes brasileiros de pós-graduação no Reino Unido.

    Na sexta-feira (17), o ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), homologou a delação premiada de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal.

    Ele prestou depoimentos à Procuradoria-Geral da República no qual citou o nome de pessoas com foro privilegiado que teriam envolvimento em fraudes. Entre os citados está o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Cleto, que assumiu o cargo na Caixa por indicação de Cunha, afirmou que o presidente da Câmara recebeu propina de dinheiro de negócios feitos pelo Fundo de Investimentos do FGTS. Cunha nega.

    Não é a primeira vez que a Lava Jato apura indícios de corrupção na Caixa, segundo Dallagnol. Em abril do ano passado, seis pessoas foram presas sob suspeita de fraudes envolvendo contratos no banco público e também no Ministério da Saúde. O ex-deputado federal André Vargas (ex-PT), condenado a 14 anos e 4 meses de prisão, é um dos nomes investigados ligados ao caso da Caixa.

    Agora, contudo, há uma expectativa de que as declarações do novo delator gerem novas investigações e linhas de apuração. Ainda não se sabe, contudo, se essa nova frente envolvendo a Caixa fica no STF ou se segue para a primeira instância da Justiça Federal no Paraná ou em outro Estado.

    Segundo Dallagnol, não há como dizer se a Lava Jato está perto do fim.

    "Fazemos acordo de colaboração quase mensalmente. Não tem como colocar marco definido. Difícil definir o fim, não existe marco próximo para acabar. Investigações são muito imprevisíveis", afirmou.

    GOVERNOS PASSADOS

    Para o procurador Paulo Roberto Galvão, que também faz parte da força-tarefa da Lava Jato e dividiu a apresentação da investigação com Dallagnol em Oxford, até o início do próximo ano deve haver uma nova leva de denúncias e processos criminais.

    "Mais da metade do que a gente sabe hoje ainda falta ser processada, há processos contra diretores de sete empresas de um total de 16. Só do cartel, falta mais da metade", afirma Galvão.

    Questionado sobre ser possível que as investigações retrocedam a outros governos, Galvão diz que "há barreiras" e dificilmente seria possível punir crimes cometidos há mais de 14 anos. Na prática, as chances de prescrição para crimes cometidos nos governos anteriores à gestão petista no governo federal são grandes.

    DESCOMPASSO DE DELAÇÕES

    Neste sábado, o desembargador federal João Pedro Gebran Neto, responsável por analisar recursos da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, falou na possibilidade de uma discussão sobre rescisão de termos de colaboração no caso de descompassos entre informações prestadas por diferentes delatores.

    "Conhecendo o ser humano, é de se imaginar que nem todo mundo tenha dito a verdade ou toda a verdade", afirmou o desembargador, sem entrar em detalhes sobre nenhum caso especifico.

    Gebran Neto ponderou ainda que as delações por si só não são suficientes para amenizar as penas de quem colabora com as investigações. "É necessário apresentar provas de corroboração."

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