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    Lava Jato

    Odebrecht mantinha na Suíça sistema de informática para pagar propina

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    22/06/2016 16h16 - Atualizado às 17h18

    Os servidores do sistema informatizado para o controle do pagamento de propinas da empreiteira Odebrecht, descoberto durante a Operação Lava Jato, ficavam hospedados na Suíça, e estavam na ativa até o mês passado.

    As informações são do administrador Camilo Gornati, que deu depoimento nesta quarta-feira (22) ao juiz Sergio Moro, durante audiência à Justiça.

    Gornati foi o responsável por gerar logins e senhas para funcionários da Odebrecht acessarem o sistema, por volta de 2008.

    O administrador chegou a ir à sede da empreiteira, em Salvador, para orientar duas funcionárias da empresa a usar o programa. Almoçou com funcionários e conheceu Hilberto Silva, executivo da Odebrecht –que foi preso na Lava Jato.

    Segundo ele, cada usuário do sistema, chamado de Drousys, tinha acesso a uma conta de e-mail que circulava apenas internamente. Era por ali que os funcionários da Odebrecht trocavam informações sobre os repasses de propinas, segundo as investigações.

    Os datacenters do sistema estavam na Suíça principalmente por "questão de segurança", segundo Gornati. "Seria um dos melhores datacenters do mundo", afirmou. Além disso, o custo dos equipamentos, mais baratos que no Brasil, e a certificação do datacenter justificaria a escolha.

    O Drousys operou normalmente até meados de 2014, de acordo com Gornati. Nessa época, foi criado um novo portal de acesso, num datacenter também sediado na Suíça, e os dados do primeiro sistema foram transferidos para o segundo. Meses depois, o Ministério Público da Suíça bloqueou o acesso ao primeiro datacenter.

    O segundo datacenter, segundo Gornati, só foi desativado "mês passado ou retrasado", também a pedido do MP da Suíça. "Estava funcionando até então, mas com pouquíssima utilização, até onde eu sei", disse.

    As duas funcionárias orientadas pelo técnico em Salvador foram detidas durante a 23ª fase da Lava Jato, em fevereiro: Maria Lúcia Tavares e Angela Palmeira Ferreira.

    A primeira firmou acordo de delação premiada e deu subsídios para a deflagração da 26a fase da operação, que investigou o sistema paralelo da Odebrecht para contabilizar o pagamento de propinas.

    Gornati era contratado da empresa JR Graco, investigada por operar pagamentos ilícitos para a Odebrecht no exterior, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato. A empreiteira era uma das clientes da empresa.

    Procurada, a Odebrecht informou que não irá se manifestar.

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