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    Lava Jato

    Para deputados, decisão do STF torna quase certa cassação de Cunha

    DANIELA LIMA
    DÉBORA ÁLVARES
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    22/06/2016 20h18

    A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de transformar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em réu pela segunda vez na Lava Jato agravou a já deteriorada situação política do peemedebista. Agora, deputados afirmam que nem a renúncia ao cargo de presidente da Câmara deve ser considerada uma cartada capaz de livrá-lo da cassação.

    A avaliação de parlamentares ouvidos pela Folha é que o desgaste da imagem de Cunha chegou ao auge e não há margem de manobra capaz de fazê-lo obter uma vitória na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), colegiado ao qual ele apresentará recurso contra decisão do Conselho de Ética de recomendar sua cassação.

    Integrantes da CCJ fizeram reuniões informais nos últimos dois dias para poder sondar a posição dos pares sobre Eduardo Cunha. Chegaram ao veredito que, se o peemedebista empenhar todos os esforços, não conseguirá mais do que 20 votos na comissão.

    Para aprovar o recurso que apresentará, Cunha precisaria de mais da metade da comissão, formada por 66 deputados. No Conselho de Ética, onde havia grande expectativa de vitória do peemedebista, ele foi derrotado por 11 votos a 9.

    Até mesmo os aliados mais próximos foram cautelosos ao falar sobre o futuro de Cunha. Líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE) afirmou que Cunha deve se dedicar agora a combater as acusações para "tentar provar a inocência que ele diz que tem".

    Moura negou ter se reunido com o presidente afastado da Câmara recentemente, mas outros aliados do peemedebista afirmam que estiveram na residência oficial acompanhados do líder do governo em conversas no fim de semana.

    O deputado se negou a dizer ainda se já havia conversado com Cunha sobre esse julgamento em algum momento, mas afirmou que "a opinião pública esperava a aprovação do STF".

    Para Carlos Marun (PMDB-MS), que na terça sugeriu ao presidente afastado que ele renunciasse ao cargo, o resultado "corrobora sua tese". "Ele deve ser julgado no STF e, renunciando à presidência, terá mais tempo de se dedicar à defesa e poderia fazer isso em um ambiente menos tenso."

    Marun tem sido uma das vozes mais fortes em favor de Cunha na Câmara.

    ABALO EMOCIONAL

    Deputados de todos os matizes, admitem, no entanto, que há um clima de preocupação na Casa com a situação emocional do peemedebista. Cunha está afastado do mandato e do comando da Câmara desde maio, mas o principal fator de desestabilização seria, na opinião de aliados, a ofensiva da Lava Jato sobre a mulher, Cláudia Cruz, e a filha dele.

    Isso porque também nesta quarta (22) o Supremo rejeitou recurso apresentado pela defesa de Cláudia Cruz para que elas sejam investigadas na Corte, ao lado dele.

    Com a derrota, o STF, ambas estão sob a jurisdição do juiz Sergio Moro, que coordena as investigações da Lava Jato no primeiro grau.

    Parlamentares acreditam que a pressão sobre a família, aliadas às derrotas políticas e ao sentimento de isolamento criam um ambiente suficientemente tenso para o peemedebista. Nesse sentido, aumentaram nas últimas semanas as especulações sobre as chances de Cunha se tornar um delator na Lava Jato.

    DENÚNCIAS CONTRA CUNHA NA LAVA JATO

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