Um dos herdeiros do Grupo Petrópolis, Vanuê Faria, foi sócio da empreiteira Odebrecht na compra de um banco no Caribe para movimentar propina, segundo um delator da Lava Jato.
A informação é do administrador Vinicius Borin, que abria contas secretas para a empreiteira no exterior e fez acordo de colaboração na última sexta-feira (17).
Vanuê Faria, que é sobrinho de Walter Faria, dono do grupo, entrou com um terço da participação na filial do Meinl Bank em Antígua, segundo Borin. Foram gastos US$ 4 milhões na operação, feita em 2010.
O Grupo Petrópolis nega irregularidades e diz que Vanuê é apenas um "ex-conselheiro", função que exerceu entre 2010 e 2011, e que nunca foi autorizado a agir em nome da empresa ou representá-la em qualquer situação.
Assim como a Odebrecht, o empresário, de acordo com o delator, queria salvar seu dinheiro de um banco insolvente, o AOB (Antígua Overseas Bank). Ele tinha US$ 50 milhões em contas na instituição, disse Borin –a Odebrecht, cerca de US$ 15 milhões.
Todo o dinheiro foi transferido para o Meinl Bank, afirmou o delator, que trabalhava para o AOB e também participou da operação.
Fabricante de cervejas com sede no Rio de Janeiro, o Grupo Petrópolis já apareceu em fases anteriores da Lava Jato: uma conta de Walter Faria, dono da empresa, foi detectada como destinatária de recursos da Odebrecht no exterior.
Os investigadores suspeitam que o grupo servia como intermediário no caminho da propina para a empreiteira.
OUTRO LADO
O Grupo Petrópolis informou que nunca teve participação em instituições financeiras no Brasil ou no exterior e que nunca autorizou alguém a agir em seu nome. Vanuê Faria, destaca a nota da empresa, é ex-conselheiro do grupo.
"A suposta delação não responsabiliza a empresa", informa a nota.
Procurada, a Odebrecht não quis se manifestar sobre a delação de Borin.