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    Lei das estatais teria sido inócua para evitar Lava Jato

    BRUNO FÁVERO
    DE SÃO PAULO

    23/06/2016 02h00

    A restrição a políticos que a nova lei de estatais estabelece não teria afetado alguns dos personagens centrais da Operação Lava Jato.

    Os principais funcionários da Petrobras denunciados no esquema eram de perfil técnico, estavam na empresa havia décadas e não tinham filiação partidária.

    São os casos, por exemplo, do ex-diretor de Serviços Renato Duque, do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e dos ex-diretores da Área Internacional Nestor Cerveró e Jorge Zelada.

    Engenheiro eletricista formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde também fez seu MBA, Duque ingressou na empresa em 1978. Antes de chegar à diretoria foi gerente de Recursos Humanos, de Engenharia e Tecnologia de Poço e de Contratos da área de Exploração e Produção.

    Foi denunciado oito vezes por suspeita de crimes relacionados à Lava Jato e condenado a 20 anos de prisão.

    Já Paulo Roberto Costa entrou na Petrobras em 1977, um ano depois de se formar em engenharia mecânica pela Universidade Federal do Paraná. Foi alçado à diretoria internacional em 2004 –antes disso, foi nomeado diretor da Gaspetro, subsidiária da Petrobras, em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso. Mesmo fechando acordo de delação premiada, foi condenado a 39 anos e 5 meses de prisão.

    A história se repete com Zelada, engenheiro elétrico na UFRJ e funcionário concursado desde 1980. Ele foi condenado a 12 anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

    Por fim, Cerveró entrou na estatal em 1975 e passou pelos cargos de coordenador, gerente e gerente-executivo antes de chegar a uma diretoria. Em acordo de delação premiada, ele prometeu devolver R$ 18 milhões ao cofres públicos e deve deixar a prisão, onde está há 1 ano e meio, nesta sexta-feira (23).

    ELETROLÃO

    A lei de estatais também não teria impedido a ascensão do engenheiro naval e vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, diretor-presidente da Eletronuclear de 2005 a 2015, preso em um desmembramento da Lava Jato, acusado de receber R$ 4,5 milhões em propina.

    Formado na Escola Politécnica da USP com mestrado no MIT (Massachusetts Institute of Technology), ele foi um dos nomes mais importantes do programa nuclear brasileiro.

    Fundou o Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para submarinos, foi diretor do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e ganhou 13 medalhas e títulos.

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